Agricultura familiar e abordagem sistêmica: impasses sociais da formação agronômica

Conteúdo do artigo principal

Aquiles Vasconcelos Simões

Resumo

O presente artigo traz uma reflexão sobre a formação do agrônomo, tomando por objeto de análise o curso de agronomia da Universidade Federal do Pará, iniciado nos anos 2000. Após quinze anos de experiência, essa proposta de formação vivencia uma crise revelada em panfletos e no discurso dos estudantes e egressos que reivindicam mais conhecimento técnico. À luz de conceitos bourdieusianos são lançadas algumas hipóteses interpretativas dessa crise, defendendo, no final do artigo, a ideia que a formação profissional, orientada para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar, deve ser concebida como prática de intervenção social, apoiada pela pesquisa, coabitando e dialogando com as transformações da sociedade rural na qual ela está inserida.

Detalhes do artigo

Como Citar
Simões, A. V. (2017). Agricultura familiar e abordagem sistêmica: impasses sociais da formação agronômica. Revista Brasileira De Agroecologia, 12(1). Recuperado de https://revistas.aba-agroecologia.org.br/rbagroecologia/article/view/16897
Seção
Ensaios Teóricos
Biografia do Autor

Aquiles Vasconcelos Simões, Universidade Federal do Pará

Professor-pesquisador do Programa de Pós-graduação em Agriculturas Amazônicas/Grupo de Estudos sobre a Diversidade da Agricultura Familiar

Referências

ALBALADEJO, C.; VEIGA, I. (Orgs.) Agricultura Familiar, n. 2, v. 1. A construção local dos territórios da agricultura familiar: a intervenção local em questão. Belém: NEAF:INRA, 2000.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro : Lisboa, Bertrand Brasil : Difel, 1989. 311p.

BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996.

CASTELLANET, C. Is farming system research a science? A review of the anglo-saxon literature. In: Symposium International Recherches Systèmes en Agriculture et Developpement Rural. Montpellier, 1994, p. 148 – 154.

CHAMBERS, R.; PACEY, A.; THRUPP, L. A. (eds). Farmer First. London, Intermediate Technology Publications, 1989, 219p.

COLLINSON, M. The development of African farming systems: some personnal views. Agricultural Administration, 29, Barking, 1988.

DUBET, F. Sociologie de l’expérience. Paris : Seuil, 1994.

FEAB - FEDERAÇÃO DOS ESTUDANTES DE AGRONOMIA DO BRASIL. Documento Político: Sobre a Temática do 53º Congresso Nacional. Curitiba: FEAB, 2010. Disponível em http://feab.files.wordpress.com/2009/12/tematica-conea.pdf

GRAS, C.; HERNÁNEZ, V. (coord.) La Argentina rural: de la agricultura familiar a los agronegocios. Buenos Aires: Biblos, 2009. 289 p.

HERNÁNDEZ V. A. Quid d’une anthropologie de la connaissance ? Du rapport au cognitif dans le contexte de la globalisation ». In : CARTON, M. ; MEYER, J.B (eds.). La société des savoirs. Trompe-l’oeil ou perspective? Collection «Travail et mondialisation», Paris : L’Harmattan, 2006.

JOUVE, P. Approche systémique et formation des agronomes. In: Symposium International Recherches Systèmes en Agriculture et Développement Rural. Montpellier, 1994, p. 834 – 840.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 1996. 257p.

LATOUR, B.; WOOLGAR, S. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. (Trad. Angela R. Vianna) Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. RESOLUÇÃO Nº 1, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2006. Brasília: MEC/CNE, 2006.

MORIN, E. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 588p.

NEVES, D. P. Campesinato e reenquadramento sociais : os agricultores familiares em cena. Revista Nera. Ano 8, n° 7, jul/dez 2005. p. 68 – 93. Disponível em http://www2.prudente.unesp.br/dgeo/nera/telas/nera_07.htm

REYNAL, V. de.; MARTINS, P. F. da S. A experiência de pesquisa-formação-desenvolvimento em agricultura familiar no Pará, Amazônia Oriental. In: SIMÕES, A .; SILVA, L. M. S.; MARTINS, P. F. da S.; CASTELLANET, C. (Orgs.) Agricultura Familiar: métodos e experiências de pesquisa-desenvolvimento. Belém: NEAF:GRET, 2001, pág. 13 – 38.

RHOADES, R. E., Breaking new ground. Agricultural anthropology. Lima: CIP, 1984.

SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000. 415p.

SCHÖN, D. A. Le tournant réflexif : pratiques éducatives et études de cas. Paris : Les Éditions Logiques, 2006. 532p.

SCHÖN, D. A. The reflective practitioner. How professionals think in action. New York: Basic Books Inc., 1983.

SIMÕES, A .; SILVA, L. M. S.; MARTINS, P. F. da S.; CASTELLANET, C. (Orgs.) Agricultura Familiar: métodos e experiências de pesquisa-desenvolvimento. Belém: NEAF : GRET, 2001.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Formação de recursos humanos em ciências agrárias: curso de agronomia. Belém: UFPA/PROEG, 2003. 133 p.