ABA no evento do Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena

A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) participou do Encontro Interconselhos e de Comissões no Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAFCI), realizado em Brasília, no auditório anexo ao Palácio do Planalto, no dia 06 de agosto. O evento contou com a participação de diversas lideranças de movimentos sociais e os ministros do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social e da Secretaria Geral da Presidência da República. O objetivo do evento foi integrar diversas instâncias em torno do tema agricultura familiar.

Com o auditório lotado Irene Cardoso, presidente da ABA, defendeu que a agroecologia não é só a produção livre de transgênicos e agrotóxicos: é um lugar onde construímos políticas, vida e alimentos de qualidade. Ela observou que é necessária maior aproximação com os indígenas, quilombolas e extrativistas para conquistar mais avanços na agroecologia, lembrando que o IX Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) será em Belém (PA) com o tema diversidades.

“A construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) foi um avanço e tem contribuído decisivamente para colocar a agroecologia na pauta nacional e internacional. A FAO está organizando em setembro a primeira conferência com o tema da agroecologia. Legado importante, mas é preciso reconhecer questões centrais colocadas por todos como a questão da terra e das águas: não vamos construir agroecologia sem isso”, observou Cardoso.

A representante da ABA listou diversos elementos que, embora a política seja positiva, ainda estão deixando a desejar na proposta e execução do plano. Ela reconheceu a importância do diálogo com a sociedade civil, destacando a realização do encontro para melhorar a articulação das ações dos envolvidos, mas apontou fragmentações entre os ministérios em relação ao Plano. Ferramentas sólidas, como um sistema de monitoramento geográfico para acompanhar as políticas, foi uma das propostas apresentadas.

“A última chamada de Ater representa um avanço, mas precisamos ver qual a sua concepção, que Ater queremos. Precisamos incorporar o conhecimento daqueles que estão construindo na prática a agroecologia, não só dos técnicos. E uma educação diferenciada nesse país, eu como professora vejo que o agronegócio domina a mente e os corações dos estudantes. Tem ainda a falta da centralidade da agroecologia em vários ministérios, ainda vemos como periférica inclusive no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Meio Ambiente (MMA)”, criticou.

Irene considerou ainda que, apesar do Plano, a pesquisa na Embrapa refluiu e não está dando vez e voz aos pesquisadores que estão construindo agroecologia. O crédito é importante, mas de forma que não crie dependência aos agricultores, acrescentou outra questão. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA) não estão dando conta, há relatos de agricultores jogando alimentos fora por dificuldades no acesso às instituições por conta das vigilâncias e burocracias. É preciso fortalecer os agricultores e suas organizações, concluiu.

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