ANA avalia realização de encontro nacional e traça estratégias para os próximos anos

reuniao_avaliacao_enaA Comissão Organizadora do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) se reuniu em Luziânia, Goiás, nos dias 12 e 13 de agosto, para avaliar o encontro e discutir o futuro da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Na ocasião, os cerca de 40 participantes, representando as cinco regiões do país, apontaram alguns caminhos e estratégias para os próximos anos da rede.

De acordo com Sara Pimenta, do GT Mulheres da ANA, o III ENA deu continuidade a um processo iniciado em 2002, quando ocorreu o primeiro encontro e foi criada a ANA. Ela destacou a realização das Caravanas Agroecológicas e Culturais na preparação e o crescimento da participação e engajamento das mulheres, jovens e indígenas.

“Estamos construindo as condições de atender aos objetivos a que nos propomos. Construir estratégias para mobilizar, sensibilizar e interagir com a sociedade na perspectiva do tema eixo do encontro: ‘Por que interessa à sociedade apoiar a agroecologia?’ Houve um avanço sobre a valorização e foco nas experiências, e os apontamentos de projeto de sociedade que a agroecologia quer ver realizado”, destacou.

O III ENA, que contou com a participação de mais de 2.100 pessoas, foi avaliado por todos como um momento positivo na história do movimento agroecológico no Brasil, levando também em consideração o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), cuja primeira edição está vigente de 2013 até 2015. O evento cumpriu com sua proposta de garantir a diversidade na participação, inclusive a paridade de gênero, com 50% de mulheres, e trouxe lições com erros e acertos a serem considerados na construção do próximo Encontro.

Segundo Eugênio Ferrari, do núcleo executivo da ANA, o desafio agora é pensar como dar continuidade a esse processo de ampliação da participação. O encontro também possibilitou qualificar e fortalecer o debate sobre as políticas públicas, além de apresentar ao governo e à sociedade uma Carta Política com as reivindicações do campo agroecológico, cujo conteúdo será um importante instrumento político de formação. paulo_petersen_e_delgado

“Conseguimos facilitar a expressão das diferentes identidades presentes nos territórios, possibilitando a ampliação dos nossos diálogos com os atores que vêm se engajando na construção da agroecologia. Traz à ANA uma grande responsabilidade de acolher novas militâncias que passam a significar convergências a partir do processo do III ENA. Os produtos do ENA refletiram a construção coletiva do processo e têm potencial de fortalecer a ação, e ir melhorando paulatinamente o diálogo com a sociedade”, destacou o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

As atividades foram avaliadas positivamente de uma maneira geral. Os avanços na comunicação, com um coletivo de comunicadores e veículos parceiros dedicados à cobertura do evento, além de uma maior abertura política para este tema na ANA, foram citados como destaques positivos. A metodologia, com os seminários temáticos, oficinas territoriais, facilitações gráficas, dentre outras inovações, também foram consideradas acertadas.A participação de gestores públicos do governo federal também foi destacada como ponto positivo, já que estes puderam ouvir avaliações sobre as políticas públicas e responder a questionamentos e reivindicações dos agricultores.

A atividade também contou com uma mesa para fazer uma análise da questão agrária no país durante os últimos anos. O economista Guilherme Delgado, da Universidade de Brasília (UNB), analisou nossa estrutura fundiária até os dias de hoje, desvelando os bloqueios à democratização da posse das terras. Os participantes também debateram a conjuntura política pré-eleitoral e as oportunidades para o avanço das propostas da ANA.

O Futuro da ANA nos próximos anos facilitacao_reuniao_ena

A ANA se fortaleceu nos últimos anos, ao promover uma maior aproximação das experiências agroecológicas nos territórios, entendendo os desafios e limites colocados para a ampliação destas em função do avanço do agronegócio e de grandes obras.

“O desafio agora é atuar mais na base, e que a agroecologia floresça de forma mais organizada”, pontuou Carlos Eduardo Leite, do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop), da Bahia. “Pensar o futuro a partir do presente, de nossas conquistas e do contexto político é uma tarefa importante. Estar aberto para olhar os nossos aprendizados, tanto organizativos como estratégicos, para pensarmos os nossos rumos e fazer uma ANA mais fortalecida nos territórios e nos espaços de expressão política. Fazer desses próximos três anos os sonhos serem concretizados a partir de leituras estratégicas e proposições organizativas bem claras”, afirmou.

Segundo Paulo Petersen, da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), os ENAs ensinam que não existe ANA sem mobilização local com as redes que estão vinculadas na ponta onde as coisas acontecem. “A seiva que alimenta a agroecologia vem do território, é um desafio que nos coloca à nossa cultura política, às funções de representação. Precisamos superar essa ideia de que no movimento político você precisa atribuir pessoas a falar em nome de outras. Por isso precisamos fortalecer as condições de baixo para cima, temos que ter claro nossas oportunidades para fazer essa reflexão”, observou.

A ANA terá, nos próximos anos, a sua secretaria executiva reforçada com a participação de novos profissionais, e desenvolverá um trabalho mais intenso de sistematização de experiências, identificando e comunicando os impactos e benefícios das experiências agroecológicas para a sociedade, na produção de alimentos saudáveis e conservação de recursos naturais, bem como na geração de trabalho digno no campo. A ANA dedicará esforços para sistematização de tecnologias sociais agroecológicas e realização de intercâmbios, dando sequência às caravanas agroecológicas e culturais.

Permanece o desafio, para a ANA, de melhorar a eficiência na incidência na construção de políticas públicas que, direta ou indiretamente, atuam na promoção da agroecologia nos territórios. A ANA ampliará a sua participação na Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), no Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF), no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e nos grupos consultivos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNEA) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Os participantes se comprometeram a lutar pela implementação do Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos (PRONARA) e pela ampliação de recursos públicos para fomento a projetos locais de promoção da agroecologia. Foi destacada a ideia de interagir mais na preparação do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia, que será realizado em Belém do Pará, no final do ano de 2015. Está prevista a realização de uma reunião da Coordenação Nacional da ANA no final de 2014.

(*) Fonte: Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

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