Dona Dijé – ancestralidade e resistência

Dona Dijé no IV Encontro Nacional de Agroecologia

“Há muitos anos a gente já fazia a agroecologia. Só que não tinha ainda esse nome. Mas aí a gente vai descobrindo que isso veio do nosso povo, que já fazia a agroecologia. Preservação da vida, da terra, preservação da água. A agroecologia deu voz ao nosso conhecimento de povo tradicional”, disse dona Dijé, durante o 10 Congresso Brasileiro de Agroecologia, em setembro de 2017.

A partir de hoje nossos dias serão iluminados por mais uma companheira que se foi. Maria de Jesus Ferreira Bringelo, Dona Dijé, maranhense quebradeira de coco babaçu de 65 anos, partiu para junto de seus antepassados. Linda, forte e cantadeira. Um ser de muita luz, que abriu o último CBA nos lembrando do dever de honrar os ancestrais!

Mulher negra, quilombola, de olhar sereno, forte e penetrante. Que tem no nome a marca do colonizador e do negro quilombola. Mulher negra, liderança comunitária, defensora de direitos. Mulher negra, guardiã da floresta, dos babaçuais, das sementes que ela fazia questão de ser árvore. Mulher Negra, estandarte do acesso à terra e direito à vida digna a todas e todos. Para ela, terra é sinônimo de liberdade e ancestralidade.

Se autodenominam Encantadeiras de coco babaçu, e no IV ENA Encantavam a todas e todos com suas falas e cantos, e mostraram que precisam do canto nas horas felizes e tristes, precisam do canto para o trabalho, para a celebração e festejo, para lidar com a dor, e mostram que com esse canto conseguem se unir e lutar pela manutenção dos babaçus, “ei não derrube essa palmeiras, ei não derrube os palmeiras, tu já sabes que não pode derrubar precisamos preservar as riquezas naturais”.

Estamos em luto. Porém, com o coração carregado de boas lembranças, de fé, luta e resistência: que as forças a recebam com todo amor que ela merece!

“Uma luz,

Uma fala mulher

Uma cor, um Amor

Por D. Dijé

No babaçu andou,

Criou, inspirou

E fez crescer

Dijé,  gratidão você.

Foi quebradeira de coco

Foi colo sagrado de humanidade

Foi uma mulher guerreira

Que partiu e deixou saudades.

Me empreste essa resistência

Que é pra gente se proteger

Por essa gana tão sua

Quero ser igual a você.”

Vitória Paixão


Dona Dijé Presente!!

GT Cultura e Comunicação

Diretoria ABA-Agroecologia

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