Faz dez anos que a Troca de Saberes ocupa e colore o gramado escola da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Fonte de inspiração para muitos processos de ensino, pesquisa e extensão em todo o Brasil, a décima edição teve como tema “Oxum Mñhama: Ancestralidades da Natureza Agroecológica”. A escolha do tema reflete o compromisso em abrir espaço para os saberes e fazeres do povo negro e indígena, além dos muitos outros povos tradicionais, e expressa sensibilidade dos coletivos que constroem o encontro em visibilizar a diversidade que constrói e fortalece a Agroecologia.
Para celebrar e agradecer à toda essa extensa rede de estudantes, agricultoras/es, educadoras/es e parceiros que, com muita ousadia e solidariedade, tornam essa aposta não só possível quanto sempre tão acolhedora, durante a Instalação Artístico Pedagógica – animada pelos Núcleos de Agroecologia (NEAs) – construímos, a muitas mãos, uma carta para comemorar e registrar nosso olhar coletivo sobre esse processo tão encantador.
Borá molhar os pés em mais uma curva desse Rio de Histórias?
É com muito prazer que estamos aqui.
Estar juntas, dialogar, trocar!
Saberes de acordo com as vivências de cada uma é o que torna essa experiência forte e fantástica.
Troca de amor, troca de união, troca de coração e assim seguimos, todas irmãs. Braços dados ou não!
Mais que energia, troca de uma verdadeira magia.
Troca que em sua intensidade nos consome e constrói.
Trocar: se olhar, se sentir e se perceber
Força e inspiração para seguir nos caminhos da Agroecologia. Será que quem você é, muda o lugar que você está?! E o lugar que você está, muda quem você é?!
Juventude, rebeldia e revolução caminham juntas. Somos uma, somos força! Trazemos anúncios e resistências.
É ocupação do gramado, das ruas, das salas, da dança, das cores, da alegria de construir uma ciência não somente urgente quanto necessária.
Somos semente guardando sementes que transformam vidas, as nossas próprias e de quem chega.
Basta conhecer para respeitar e acreditar: a Agroecologia enquanto ciência, prática e movimento popular se constrói por múltiplos caminhos que passam pelo reconhecimento das diversidades, das confluências, das diferentes linguagens, do respeito às comunidades, das práticas vinculadas à realidade das agricultoras/es e dos sonhos que se movem ao caminhar.
Como disse Irene Cardoso durante o ato realizado no último dia da X Troca de Saberes: “Se a universidade não tem competência de produzir sem veneno, que tenha a humildade de aprender com quem sabe”.
Com muitas tarjetas e inspirações, construíram essa carta integrantes do Coletivo de Cultura e Comunicação da ABA, do GT Juventudes da ABA, da Comissão Organizadora do XXI Estágio Integrado de Vivências da Zona da Mata Mineira, da Equipe do Projeto de Sistematização de Experiências dos Núcleos de Agroecologia, além de Marcelo (movimento Ciclo Ativista), os queridos irmãos Tarzan e Mateus e o agricultor Seu José de Campo do Meio, que além de muito sabido, dança muito forró.
Agradecemos também à Carol, Lucas e AnaLu pela cantoria da linda música “Fala” dos Secos e Molhados que foi um grande presente para nós.
Como desdobramentos desse espaço, começamos a sonhar juntas e juntos: a primeira Caravana Agroecológica e Cultural de Bike e a oficina da região Sudeste rumo ao XI Congresso Brasileiro de Agroecologia, que acontece em novembro de 2019, em Sergipe.
“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca” Eduardo Galeano.
Viva aos dez anos deste encontro tão potente! Viva aos saberes ancestrais! Viva à Ciência Popular! Viva à Agroecologia!