Rio do tempo: 20 anos da ABA-Agroecologia

A Associação Brasileira de Agroecologia comemora trajetória coletiva com lançamento de material que evidencia importantes marcos históricos na defesa da vida e no combate à fome

No coração da proposta do Rio do Tempo está a intenção de evidenciar que cada pessoa e coletivo que chega traz consigo bagagens e repertórios. Reconhecer e valorizar a trajetória de indivíduos e grupos, reverenciar as memórias, as origens e a ancestralidade de cada território e processo. Olhar para trás para pensar o futuro são alguns dos fundamentos desta metodologia carregada de intencionalidade política e pedagógica. Como aponta a filosofia de Heráclito, cada pessoa que entra no rio altera seu curso e nunca mais essas águas são as mesmas. 

Apesar da metodologia advinda a educação popular (através da ideia das linhas do tempo ou dos rios da vida) serem práticas recorrentes nos movimentos sociais, foi de 2013 até 2017, quando o Projeto de Sistematização dos Núcleos de Agroecologia convidou coletivos de todo o Brasil a navegarem por suas memórias, que a Associação intensificou a metodologia de reconstrução histórica como estratégia de mobilização nos territórios.

Nesse período, mais de 26 oficinas presenciais estimularam a identificação de marcos, aprendizados, desafios, barragens, secas, cheias, inundações e conquistas na construção e defesa da agroecologia. Durante esse processo, inúmeros “Rios do Tempo” foram elaborados coletivamente. 

Em 2024, como parte dos processo de sistematização das experiências, dos aprendizados e dos desafios em torno da realização do 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (Projeto Desaguar) e das atividades que comemoram os 20 anos da Associação Brasileira de Agroecologia, foram realizadas duas oficinas de colheita do Rio do Tempo em abril (atividade presencial no Rio de Janeiro) e em novembro (virtualmente) marcando a primeira etapa do que pretendemos transformar em uma série de atividades em torno das comemorações dos 20 anos da Associação.

LANÇAMENTO E FUTURO

A imagem “Rio do Tempo dos 20 anos da ABA-Agroecologia” que será lançada hoje (06/12) é produto da mobilização de estudantes, professoras e professores, pesquisadores, representantes dos movimentos sociais, coletivos de agricultura urbana e agroecologia espalhados pelo país, mas, sobretudo, da memória das pessoas fundadoras da ABA-Agroecologia, dos presidentes e presidentas da Associação e das comissões anteriores dos CBAs, pessoas que ofertaram suporte a essa história e que hoje são guardiãs e guardiões das memórias. Até o próximo Congresso, que será realizado em outubro de 2025 na Univasf em Petrolina e Juazeiro, uma série de atividades estão previstas como forma de refletir, aprofundar e atualizar permanentemente as memórias na construção da agroecologia.

“Nesse sentido, a imagem que partilhamos hoje é apenas um dispositivo para iniciarmos o debate. A metodologia da facilitação gráfica nos permite remontar essa história de maneira didática e potente, explorando outras linguagens para falar da memória para além dos textos. Esse material é um dos vários presentes nesse processo de celebrar os 20 anos da ABA-Agroecologia, uma vez que o que essa imagem reúne o que estava disperso na lembrança de muitas pessoas”, diz Natália Almeida, vice-presidente da ABA-Agroecologia e integrante do projeto Desaguar.

Ela reforça a incompletude intencional da imagem e reforça o convite para que cada coletivo de agroecologia possa desenhar sua própria trajetória. O passo a passo para fazer um “Rio do Tempo” está no link: Caderno de Metodologias – Volume 1.

A elaboração do Rio da ABA-Agroecologia movimentou inúmeras memórias e documentos guardados pelos sócios e sócias fundadoras da Associação. Em breve, esses documentos também estarão disponíveis no site da associação como fonte de estudo, pesquisa e elaboração crítica.

Faça download do Rio do Tempo (versão alta – impressão e baixa web): 

https://drive.google.com/drive/folders/1NWlPySIHW21s-3qL_xcJEHxN9XQEMdbi

Serviço:

Construção coletiva de associados da ABA-Agroecologia que resgata de forma gráfica os 20 anos de trabalho da associação, gerando uma linha do tempo com afluentes que marcam a construção deste e de outros coletivos do movimento agroecológico. Também estão registrados pontos fundamentais na luta por políticas públicas da área. O Rio do Tempo da ABA-Agroecologia seguirá sendo abastecido a partir de oficinas que serão organizadas em 2025.

Organizadores: Amanda Torres, Marília Nepomuceno, Muriel Duarte, Natália Almeida, Natália Castro, Rodrigo Toscano e Thais Souza

Agradecimentos 

Gostaríamos de agradecer também a parceria frutífera com a Fundação Oswaldo Cruz, que se deu a partir da Agenda de Saúde Agroecologia, vinculada à vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS). Em especial, gostaríamos de agradecer a Danúbia Gardênia, a Camila Castro e André Burigo por todo o acompanhamento e diálogo necessário que estruturou a boa execução financeira Projeto Desaguar no ano de 2024. Assim como também saudamos, na figura da Amanda Torres (Projeto Desaguar) e da Lívia Silva (ABA-Agroecologia), a disposição e presteza de articular financeiramente nossas necessidades de ajustes para execução projeto.

Geralmente quando imaginamos parcerias institucionais não imaginamos a força e a necessidade de ter pessoas comprometidas por trás desse papel institucional de articulação e gestão financeira para que a execução na ponta possa ocorrer sem maiores ruídos ou desgastes. Em um ano de eleições, de desafios de gestão financeira de trânsito de emendas parlamentares que financiaram esse projeto se não houvesse a dedicação dessas pessoas, não haveria como operarmos em tempo hábil as nossas ousadas metas e a publicação e realização dos nossos produtos encabeçados pelo Projeto Desaguar. Sendo assim, gostaríamos de saudar com reverência, essa  cooperação técnica que desde o início do processo do 12o CBA permitiu que a ABA-Agroecologia alçasse altos e bons voos.

É a partir dessa energia institucional, comprometida e militante, que carecemos e potencializamos a agroecologia, para que se fortaleça enquanto movimento, ciência e prática, e esperamos que 2025 seja ainda mais construtor de uma agenda de devolutivas que conectem saúde pública, o sistema único de saúde, as políticas públicas que devolvem cidadania ao Brasil e os aprendizados que tivemos nesse processo de sistematização e memórias do Congresso Brasileiro de Agroecologia.

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