O Movimento Ciência Cidadã é fruto de vários encontros e discussões que se iniciaram em Belém/PA, durante a reunião da Rede Rural (3 a 6 de junho de 2012) e que gerou o manifesto A pesquisa é um bem público Pertence ao público a escolha de seus benefícios, assinado por centenas de cientistas e entidades. Os riscos e impactos das biotecnologias, sobretudo os transgênicos, no Brasil e países da América Latina, Europa e EUA foram os principais fatores para sua criação. Além de se remeter principalmente à alimentação e saúde, registra também as catástrofes ocorridas pela utilização de energia nuclear que produziu milhares de vítimas. Pesquisadores, professores, técnicos e estudantes de diversas áreas estão envolvidos nessa mobilização contra o modelo de desenvolvimento agrícola e tecnológico que promove a exclusão da agricultura familiar e das comunidades tradicionais. Na Cúpula dos Povos, em 2012, o manifesto foi ampliado e lançaram o Fórum Mundial Ciência e Democracia. Foi em seguida apresentado no Seminário Internacional sobre os 10 anos de transgênicos no Brasil, realizado em outubro de 2013, no Paraná. Na ocasião, foi decidida a criação de um site e a constituição de uma coordenação regional e nacional do movimento, que será composta a partir de um encontro nacional ainda não agendado.
Na página do Ciência Cidadã circulam variadas informações relacionadas ao movimento. No momento, por exemplo, tem uma notícia sobre os 14 agrotóxicos liberados no Brasil embora proibidos no exterior e uma carta da Fiocruz questionando mudanças na legislação do licenciamento desses produtos. A democratização da ciência, de forma transversal, buscando o empoderamento da sociedade civil é um dos objetivos do movimento, que agrega cidadãos nas lutas sociais da agricultura, alimentação, habitação, saúde e ambiente. Nesse sentido, elabora e promove novas formas de fazer ciência com a participação dos sujeitos por meio da pesquisa participativa, fóruns populares, dentre outros mecanismos, para submetê-las aos legisladores.
A ABA se filiou ao movimento por ocasião da Cúpula dos Povos, fórum da sociedade civil paralelo à Conferência Rio+20. A ABA entende que essa iniciativa é de fundamental importância para a democratização das instituições científicas e para a construção de transparência quanto à prática da ciência e suas consequências sobre a sociedade. No Brasil, além da ABA, também integram o movimento a AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, a ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva e a Terra de Direitos.