“Lutar pela terra, lutar pelas plantas, lutar pela agricultura, porque se não vivermos dentro da agricultura, vamos acabar. Não tem vida que continue sem terra, sem agricultura”
No dia 5 de janeiro de 2020, Ana Maria Primavesi fez sua passagem. Aos 99 anos, a agrônoma austríaca, pesquisadora e referência mundial em agroecologia, Ana Primavesi mantinha no rosto um sorriso largo, que evidenciava sua constante alegria de viver, ensinar, resistir e lutar. Uma Mulher à frente do seu tempo. Uma das pioneiras na resistência a um modelo de produção pautado na monocultura e no uso de agrotóxicos, ela protagonizou a construção da agroecologia com seriedade e responsabilidade, abriu caminhos e enraizou a agroecologia enquanto ciência, associada com a prática no campo.
Ana Maria Primavesi deixa um grande legado – a compreensão do solo enquanto um organismo vivo que está intrinsecamente conectado com a produção e manutenção da vida e de ecossistemas complexos e o entendimento de “solo sadio, planta sadia, ser humano sadio”. Certas e certos de que a construção do conhecimento pedagógico sobre a agroecologia precisará sempre beber na fonte inesgotável dessa cachoeira de sabedoria, guardaremos a fluidez de suas palavras, escritos, vídeos e vozes sobre como re-existir com delicadeza e ancestralidade.
Ana Maria Primavesi semeou por todo país sementes que guardarão sua mensagem de amor à natureza e cuidado com as pessoas e com o ambiente! Ana agora vive na vida do solo! À ela, nosso profundo agradecimento pela vida de lutas, descobertas e ensinamentos.
Seguiremos repousando e nos fortalecendo na frondosa sombra de nosso Jatobá sagrado, como afirma sua biógrafa Vírginia Mendonça Knabben, que publicou um site dedicado a pesquisadora em 3 de outubro de 2018 (www.anamariaprimavesi.com.br).
A geógrafa e autora da biografia de Primavesi nos acalenta com uma amorosa despedida, que pode ser lida na íntegra clicando aqui.
A Associação Brasileira de Agroecologia saúda a fértil vida de Ana Maria Primavesi e se compromete a cuidar de suas sementes, semeando novos campos – a partir das multiplicações das nossas redes e laços – florescendo e frutificando seus saberes e práticas. Que agora o solo a acolha e cuide dela, como assim ela o fez.