Nós, como coletivo ReTransA, viemos por meio desta carta (re)afirmar nossa existência e a necessidade de políticas de inclusão dentro do Congresso Brasileiro de Agroecologia e demais eventos de mesmo tema. Com frequência debatemos a pauta de gênero na agroecologia, mas sem menção às pessoas trans. Reforçamos, então, a necessidade de espaços de debate, sejam mesas, estandes ou materiais informativos que nos contemplem.
Tendo isso em vista, somos uma rede que nasce da necessidade urgente de nos fortalecer, além de visibilizar nossas existências no campo da agroecologia, nos territórios rurais, nas universidades, nos movimentos e nos espaços de construção coletiva. Nascemos a partir do ERGA-SE (Encontro Regional de Grupos de Agroecologia do Sudeste) que aconteceu no fim de 2023, por nos vermos sozinhes e isolades dentro do movimento. Temos construído materiais que facilitem essa inclusão, e estamos abertes a trocas. Viemos, então, convidar a todas as pessoas trans aqui presentes a compor esse coletivo para que possamos nos encontrar, apoiar e fortalecer nossas lutas e pautas.
Ao longo deste congresso, vivemos trocas potentes, mas também percebemos os desafios de garantir acessos reais e equitativos. É fundamental que os próximos encontros e atividades levem em conta questões como o uso do nome social garantido e respeitado em todas as inscrições e credenciamentos; o acesso a alojamentos e banheiros seguros e respeitosos para pessoas trans – o que reflete em haver espaços mistos e sem distinção de gênero; e a ampliação das políticas de isenção e acesso aos eventos, que são muitas vezes o único caminho possível para nossa participação.
Também queremos afirmar que nós não estamos aqui apenas para participar, mas também para construir coletivamente. Acreditamos que as oficinas, rodas de conversa e espaços formativos podem – e devem – ser pensados junto conosco. Temos saberes, práticas, experiências de vida e pesquisa que atravessam e enriquecem a agroecologia. Queremos que as pessoas trans estejam compondo mesas, mediando atividades, coordenando oficinas e sendo contratadas nos eventos, nas universidades e nas organizações do campo agroecológico.
Que este seja um marco para seguirmos juntes, tornando a agroecologia um campo onde ninguém é deixado para trás. A ReTransA é esse chamado para o encontro, o apoio e a construção de um futuro mais diverso e justo.
Agradecemos.
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