A diretoria da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), eleita em novembro de 2013 no Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), realizado em Porto Alegre, reuniu-se em Seropédica, no Rio de Janeiro, entre os dias 03 e 05 de agosto de 2014, para sua primeira reunião presencial. A reunião teve a finalidade de discutir sobre suas ações e o planejamento estratégico das atividades até 2015. Além de 11 membros da diretoria (de um total de 13), também estavam presentes representantes dos Grupos de Trabalho (GT) (Educação, Campesinato e Soberania Alimentar, Agrotóxicos e Transgênicos, e Gênero) o editor da Revista Brasileira de Agroecologia e um representando do Conselho.
A reunião iniciou com a contextualização da Agroecologia no cenário nacional, realizada por Paulo Petersen, segundo secretário da ABA e seguiu com uma intensa programação.
Os vices presidentes regionais fizeram uma apresentação do trabalho que vem sendo realizado nas 5 regiões brasileiras (Amazônia Oriental, Amazônia Ocidental, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), resgatando suas dinâmicas e os processos de articulação. Um dos objetivos dessas vices-presidências é dinamizar a ABA nas regiões e melhorar a interação com os sócios, buscando construir um espaço de maior participação, além de mobilizar entidades e profissionais para filiarem-se à ABA.
Os representantes dos GTs fizeram a apresentação das ações realizadas e suas propostas de atuação. Os GTs devem realizar discussões específicas sobre suas temáticas e dinamizar o debate junto a diretoria. O GT Campesinato e Soberania Alimentar, por exemplo, está discutindo o Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAFCI), e fez uma proposta ampla de discussão com os outros GTs sobre o tema. No dia 16 de outubro vai realizar a Jornada da Agricultura Familiar e Camponesa em Recife (PE). A ABA conclama seus associados a participar do GT Agrotóxicos e Transgênicos e integrar Campanha Permanente Pela Vida e Contra os Agrotóxicos em suas regiões. Na reunião a ABA reafirmou a importância da sua participação na CTNBio. Na reunião também ficou clara a necessidade de discutir gênero e agroecologia dentro da organização, já que é tema ainda pouco compreendido mesmo internamente. Como deliberação, ficou decidido o incentivo à criação de um GT para Juventude, cuja articulação será realizada, caso haja interesse, por meio da Rede de Grupos de Agroecologia do Brasil (REGA) e das organizações estudantis.
Também foram debatidas as linhas de atuação nos espaços onde a ABA tem representação em nível estadual e nacional. Na Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), a ABA é a única organização da sociedade civil com representares titular e suplente, que integram as subcomissões de Agrotóxicos e Construção do Conhecimento. Trata-se de um espaço com 28 entidades, composto paritariamente pela sociedade civil e governo. A contribuição da ABA na comissão tem tido amplo reconhecimento por parte dos participantes.
O II Seminário Nacional de Educação em Agroecologia (SNEA) também está entre as prioridades da gestão. O II SNEA será realizado em 2015, em Matinhos, no Paraná, em parceria com a UFPR Campus Litoral. Esse debate é importante e precisa ser aprofundado, segundo a direção da ABA, pois trata dos princípios que devem nortear as iniciativas da educação formal em Agrocecologia nos diferentes níveis educacionais e nas iniciativas que articulam ensino, pesquisa e extensão. Um dos temas a serem trabalhados é o reconhecimento dos profissionais formados em Agroecologia. O documento construído durante o II SNEA, em Recife (PE) em 2013, foi indicado como importante instrumento e ferramenta para se colocar em prática os princípios e diretrizes da educação em agroecologia nas suas ações.
O IX Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), principal evento promovido pela ABA, previsto para novembro de 2015 em Belém (PA), também foi intensamente discutido. As principais questões abordadas foram as estratégias de mobilização e organização, e a construção da temática central, que deverá envolver diversidades. Na discussão sobre as dimensões da agroecologia emergiu a necessidade de buscar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e a transdisciplinaridade. A agroecologia também foi mencionada como respeito à vida, reciprocidade entre o ser humano e a natureza. A construção coletiva de conhecimento foi uma diretriz apontada nessa perspectiva.
Vários encaminhamentos foram tirados com relação à Revista Brasileira de Agroecologia, no sentido de manter sua qualidade e viabilizar seu funcionamento. Também foi encaminhada uma proposta de iniciar um processo de reforma de estatuto da ABA. A política de comunicação também foi abordada e hoje se pauta por meio do site, facebook, grupos de discussões e outras ferramentas institucionais. Esses meios são todos pensados para facilitar a comunicação com os sócios e com a sociedade. Quem quiser publicar algo basta enviar a Secretaria da ABA: secretaria@aba-agroecologia.org.br
Ocorreu ainda durante a reunião uma visita a Fazendinha Agroecológica da Embrapa Agrobiologia, UFRRJ e Pesagroonde pudemos realizar uma discussão sobre pesquisa em agricultura ecológica.
“A reunião foi muito importante para ampliar a relação entre os diretores e planejar os trabalhos daqui em diante. Foi um trabalho intenso de todos, uma média de 10 horas por dia. Isto possibilitou discutir toda a agenda proposta em tempo muito curto graças ao esforço de todos”, afirmou Irene Cardoso, presidente da ABA. A reunião da diretoria da ABA foi possível graças à contribuição da Embrapa Agroecologia e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em especial a partir de Cristiane Amâncio e o professor Robson Amâncio que, inclusive, hospedaram alguns participantes para viabilizar financeiramente as atividades. Alguns diretores conseguiram recursos próprios, fator que também viabilizou o encontro já que a ABA tem poucos recursos, sendo a contribuição dos sócios sua única fonte de arrecadação. Daí a importância de todos ficarem em dia com o pagamento da anuidade