Valorizar o conhecimento empírico e incentivar a interação entre academia e campo é o eixo central das socializações orais e círculos de exposições do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia, que acontece nesta semana em Belém/PA. O compartilhamento de saberes entre estudantes, pesquisadores, quilombolas, indígenas, agricultores e agricultoras ocorre em vários espaços e auxilia na construção do conhecimento agroecológico.
A metodologia das interações consiste em dois espaços: sessão oral, onde são apresentados e debatidos inúmeros projetos, visando a interação com a plateia e o Tapiri de Saberes, uma roda de conversa somente entre os autores para compartilhamento de ideias.
De acordo com professor Luís Mauro, coordenador da Comissão Técnico-Científica do Congresso, este ano 1407 trabalhos foram aprovados, sendo 165 orais e 1242 pôsteres. “O eixo central que faz o congresso ser diferente é colocar junto um universo diversificado”, revela. Para ele, a mistura de saberes é fundamental para o sucesso do congresso. “A construção do conhecimento agroecológico não é um produto, é um processo do diálogo horizontal entre o conhecimento dos agricultores e do acadêmico”, afirma.
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Manoel das Graças, estudante de agronomia da Universidade Federal do Pará (UFPA), participou da interação entre autores com o projeto “Agroecologia: mudando a forma de produzir” e afirma que o método diferenciado de exposição é fundamental para o crescimento acadêmico. “A roda de reunião é fundamental para conhecer os outros, para perceber que enfrentamos os mesmos desafios, independente da região em que pesquisamos, e para abrir nossa mentalidade para novos horizontes”, conta.
X Já o agricultor Luiz Lima acrescenta que o diálogo horizontal com os pesquisadores é importante para o futuro da agroecologia. “Discutindo com eles, entendemos que somos iguais, não há um melhor que o outro. Temos um mesmo objetivo e precisamos ouvir as críticas e ideias do outro para fazer a agroecologia se fortalecer ainda mais”, diz.
Anteriormente, os congressos de agroecologia apresentavam apenas trabalhos acadêmicos. Somente a partir de 2007 mudou-se a metodologia. “Tivemos a consciência de que agroecologia não é só produção acadêmica, é também a prática dos agricultores e agricultoras, é fruto de uma relação histórica com a natureza. Procurou-se valorizar a experiência dos agricultores, aproximar o diálogo da academia com a prática do campo”, disse o coordenador Luís Mauro.
Juliana Dias – estudante de jornalismo da Universidade da Amazônia (Unama)