Aparecida Hurtado Soares, para quem a conheceu, Cida era o suficiente. Mulher indígena, feminista, sensibilidade aflorando, coragem e determinação inconteste, se dedicou ao trabalho nas comunidades de agricultores e agricultoras familiares no Pará por vários anos. Era uma defensora dos povos e comunidades tradicionais na Amazônia. O NEA da UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia) campus Capitão Poço foi sua âncora principal. Foi a partir de lá que ela se envolveu na construção do Congresso Brasileiro de Agroecologia-CBA de Belém-PA, de 2015, articulando e dialogando com grupos de mulheres, com jovens e com diferentes organizações camponesas e povos da floresta. Defendia o cooperativismo camponês divulgando a experiência da Cooperativa D`Irituia e outras iniciativas, com quem atuava e estimulava.
No nível nacional atuava na questão de gênero onde tinha a oportunidade, no Pará, em Mato Grosso, e interagindo com diversos grupos e, internacionalmente, no GT Agroecologia Política do CLACSO (Conselho Latinoamericano em Ciências Sociais) e com o grupo Ama-Awa Mulheres em Agroecologia. Atualmente trabalhava como Agente de Pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Mato Grosso, onde fazia a defesa intransigente dos direitos das mulheres e dos povos da floresta. Cursava doutorado e tinha um futuro promissor na Universidade de Córdoba, Espanha, com o seu tema favorito, a questão das mulheres, a partir de sua experiência na realidade amazônica.
No dia 21 de abril, o sorriso contagiante da Cida foi vitimado pela Covid-19 e pela necropolítica genocida do governo Federal. Nós da ABA, nos solidarizamos com os familiares e amigos dessa que em vida esteve sempre ativa em lutas que importam e que em sua ausência seu exemplo seja a inspiração de todos nós.
Cida, Presente, Presente, Presente!
Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia)