Proteger o meio ambiente para promover a qualidade de vida das futuras gerações é o que buscam os indígenas quando o assunto é a agroecologia em seus territórios. A participação dos povos tradicionais e sua relação com a terra e meio de vida estão entre os debates dos quatro dias do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia.
Para Iracilene Guajajara, da aldeia Guajanaira, localizada no Maranhão, que participa pela segunda vez do congresso, a preservação do meio ambiente deve ser ampliada para que as futuras gerações tenham uma qualidade de vida saudável e adequada.
Segundo Iracilene, a chegada do agronegócio pode provocar consequências prejudicais ao meio ambiente e à saúde dos seres vivos. Com a redução da floresta, há perda de matérias-primas e os animais vão para outros lugares em busca de alimentos.
Essa realidade é refletida em diversas aldeias que passam por escassez de alimentos e recursos naturais. Para reverter essa situação, os povos indígenas protegem seus territórios, cultivam a terra de maneira sustentável e praticam o extrativismo, tirando da terra o essencial à sua sobrevivência, ou seja, empregam os princípios comuns à agroecologia.
Ronaldo Yapwkwytan, da etnia Amanayé, localizada em Goianésia do Pará é recém formado em Tecnologia em Agroecologia pelo IFPA/Campus Rural de Marabá e afirma que o que se conhece hoje por agroecologia e similar à agricultura indígena, e já é praticada pelos índios desde sempre. Ele entende que é uma ciência constituída de conhecimentos milenares, com técnicas para a produção diversificada nas aldeias, do extrativismo e pautada por princípios cosmológicos. “Deus, natureza e índio estão interligados”, afirma.
O técnico indígena destaca ainda a importância do congresso para sensibilizar a população sobre a importância da agroecologia e da sustentabilidade e diz já ver resultados positivos. “As temáticas abordadas durante o congresso são boas e nosso objetivo é transmitir para os congressistas a nossa realidade indígena e mostrar como é o nosso modelo de agricultura, o nosso território e como nós pensamos sobre a responsabilidade de trabalhar o planeta, que hoje pede socorro”, disse Ronaldo.
Vanessa Van Rooijen – estudante de jornalismo da Universidade da Amazônia (Unama)