Seminário Regional de Sistematização aproxima experiências de Ensino, Pesquisa e Extensão na Região Norte
Articular, aproximar e resistir. Muito além do sistematizar, o Seminário Regional de Sistematização de Experiências dos Núcleos de Agroecologia (NEAs) da Região Norte se desafia à integrar as práticas de ensino, pesquisa e extensão e fortalecer os vínculos no Norte do Brasil.
Durante os dias 02 e 03 de agosto, no campus da Universidade Federal Rural da Amazônia em Castanhal no Pará, a terceira parada do Projeto de Sistematização reuniu cerca de 37 pessoas, de 12 Núcleos de Agroecologia e 8 entidades governamentais e não governamentais atuantes na Amazônia. Os seminários regionais, que serão realizados nas cinco regiões do país, têm como objetivos principais proporcionar espaços de formação sobre a sistematização de experiências; possibilitar a troca de experiências sobre a sistematização entre os núcleos e parceiros regionais e exercitar coletivamente o uso de diferentes ferramentas e estratégias de sistematização.
Apesar do desafio territorial, representantes dos NEAs de diferentes regiões do Amazonas, Pará, Acre, Tocantis e Amapá estiveram presentes e, durante dois dias de trabalho, puderam trocar experiências, conhecer melhor os desafios da atuação em Rede e integrar esforços para o fortalecimento da agroecologia na região a partir da indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão.
Metodologias e Ferramentas: Os caminhos da sistematização de experiências
O seminário foi dividido em dois momentos principais, no primeiro, os participantes compartilharam suas expectativas para o encontro e também puderam apresentar os trabalhos desenvolvidos pelos NEAs. Para essa partilha, foi utilizada uma metodologia que se chama “Capa de Jornal” que, como o próprio nome já diz, foram construídas, coletivamente entre os núcleos, capas de jornal cujas matérias, manchetes, anúncios e denúncias foram elaboradas a partir do trabalho que os NEAs realizam nos diferentes territórios. Essa ferramenta de sistematização retrata o princípio de todos os seminários do Projeto: “aprender fazendo!” O poder de síntese, a mobilização de imagens e textos curtos, além da priorização das ações, potencializa as trocas e as sinergias entre os núcleos.
Ainda no primeiro dia, os núcleos exercitaram a reflexão sobre uma das principais ferramentas propostas para sistematização nas cinco regiões: a Matriz de Sistematização. Com nove eixos principais e 8 eixos transversais, a matriz constrói um vitral de reflexões sobre as práticas dos NEAs. A matriz, que não deve ser considerada como um questionário, mas sim, um disparador paras discussões coletivas, aponta alguns temas e questões geradoras que buscam estimular as reflexões sobre a construção do conhecimento agroecológico e a compreensão dos impactos das políticas públicas articuladas à agroecologia e ao fazer dos NEAs.
O segundo dia foi o momento do Seminário dedicado à revisão coletiva da matriz, à produção de sínteses sobre cada eixo e ao planejamento articulado da Rede de NEAs da Amazônia. Romier Sousa, vice presidente da ABA-Agroecologia na região Norte, destaca o papel da sistematização no fortalecimento dos NEAs na região, segundo ele “a Amazônia é uma região bastante diversa não só em sua biodiverisdade, mas também pela diversidade cultural. Atualmente existem inúmeros grupos, nas instituições de pesquisa, universidades, associações e movimentos que vem realizando trabalho com os agricultares e agricultoras. A sistematização, e o processo que estamos vivenciando nesse seminário, é fundamental. Primeiro para que os grupos e núcleos possam fazer uma reflexão sobre suas práticas e seus processos e, outro elemento, é a troca de conhecimento e reflexão mais coletiva, sobre como a agroecologia vem sendo desenvolvida na Amazônia”.
Próximos Passos: imersões em 3 experiências
Um dos objetivos do Seminário foi a definição conjunta de três experiências que serão aprofundadas pelo Projeto de Sistematização. Diante da diversidade e dos desafios da Amazônia, o Pará decidiu, coletivamente, pela sistematização integrada das experiências desenvolvidas por sete Núcleos do estado e, por meio da metodologia das Caravanas Agroecológicas e Culturais, irão construir um processo de troca de experiências e sistematização dos processos dos NEAs. Uma oficina, também em Castanhal, está agendada para o dia 17 de agosto com o objetivo de iniciar o planejamento da Caravana de Sistematização do Pará.
No sul do Amazonas, as práticas desenvolvidas pelo NUPEAS – Núcleo de Pesquisa e Extensão, Socioeconomia e Agroecologia da Universidade Federal da Amazônia será mais uma das experiências que farão parte das imersões do Projeto. O terceiro foco de sistematização ainda será definido, mas o convite é para que o estado do Tocantis, através do projeto UNITAS Agroecológica, vinculado ao Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp-Ulbra) possa completar o trio de experiências que serão sistematizadas.
Além dessas três, que terão acompanhamento específico do projeto, todos os Núcleos estarão envolvidos com a sistematização. Muitos estudantes, bolsistas, agricultores e parceiros, se despedem do Seminário com o compromisso de disparar processos de sistematização em suas localidades. Em Manaus, por exemplo, o NEAGRO-UFAM, e o NEA da Universidade Estadual da Amazônia, já têm agenda para uma oficina de sistematização com o apoio da ABA e do Projeto da Rede de NEAs da Amazônia.
Em Roraima e nos outros NEAs que tiveram dificuldade de garantir presença nesse primeiro seminário, também haverão articulações para que o maior número de núcleos esteja integrado aos processos de sistematização das práticas e saberes dos NEAs da Amazônia.
Sol, açaí, sorrisos e novos amigos, retratos e coloridos dos dois de Seminário . Confira as fotos e o vídeo do Seminário Norte na página do Projeto de Sistematização no Facebook.
Texto*: Natália Almeida e Rodrigo Avelar
*Aberto à revisões e complementações dos/as participantes