Sem Feminismo não há Agroecologia!
O III Colóquio Internacional Feminismo e Agroecologia tem como objetivo promover reflexões sobre Feminismo e Agroecologia a partir de uma abordagem de gênero e em diálogo com diferentes fontes de conhecimento e experiências de organizações científicas, sociais e entidades de extensão rural, a fim de buscar subsídios para a reflexão acadêmica, a inserção nas políticas públicas e para os movimentos sociais. Será realizado de 08 a 11 de abril de 2019, em Recife, Pernambuco, Brasil, com o tema Trabalho, Cuidados e Bens Comuns.
O Colóquio pretende integrar ações das universidades e de outras instituições, tais como organizações não-governamentais (ONGs), com a ação coletiva dos movimentos sociais de mulheres rurais de vários países, para dar visibilidade aos saberes das mulheres em distintos campos de atuação, tendo como referência o feminismo e a agroecologia.
Em uma programação diversa, o encontro receberá minicursos, Mostra Dona Lia de Cinema, palestras, apresentação de trabalhos em diferentes modalidades e a Feira de Saberes e Sabores. As inscrições seguem abertas até o início do encontro, em abril deste ano.
Eixos
O Colóquio será organizado a partir de três eixos estruturantes: trabalhos, cuidados e bens comuns, em suas interfaces com o feminismo e a agroecologia. O trabalho será abordado a partir da sua dimensão produtiva na agricultura familiar e camponesa e da inserção subordinada das mulheres no trabalho assalariado nos sistemas agroalimentares transnacionais. Abordará a contribuição das mulheres e a dificuldades que enfrentam para garantir o seu reconhecimento por parte do Estado, dos movimentos sociais mistos e das organizações sociais e econômicas, tais como as ONG e Cooperativas. Estes debates serão aprofundados em consideração aos estudos feministas e reflexões de distintos paradigmas tais como a divisão sexual do trabalho.
O Colóquio também discutirá os cuidados a partir dos debates contemporâneos da economia feminista e da ética da justiça a partir de sua interface com as reflexões sobre as relações entre mulheres e bens comuns, especialmente a defesa da terra, dos territórios, da água e da agrobiodiversidade.
Construção do conhecimento
As inscrições para submissão de trabalhos no III Colóquio Internacional Feminismo e Agroecologia: Trabalho, Cuidados e Bens Comuns que estão abertas até o dia 30 de janeiro e podem ser realizadas pelo site do encontro, que traz também as regras e modelos de submissão em cada categoria – https://www.3cifa.com/envio-de-trabalhos
Organizados em nove grupos de trabalho, os trabalhos poderão ser submetidos nas categorias de trabalho científico, relato de experiências técnicas e relatos de experiências populares.
Os grupos de trabalho são: GT 01 Economia Feminista e Agroecologia; GT 02 Feminismo, agroecologia e o comum na construção de sistemas alimentares urbanos; GT 03 Feminismos, Ancestralidade e Agroecologia; GT 04 Mulheres e a Epistemologia do Conhecimento Agroecológico; GT 05 Feminismos, Agroecologia e Economia Solidária; GT 06 Feminismos, Comunicação e Cultura; GT 07 Feminismo, Agroecologia e Soberania Alimentar; GT 08 Feminismo e Agroecologia: quais sujeitos políticos?; e GT 09 Espaços de comercialização de produtos.
Mostra Dona Lia de Cinema
Acreditamos no audiovisual como ferramenta educacional e de luta, importante potencializador do viés comunicacional e artístico. Pensando nisto, a Mostra Dona Lia tem como objetivo exibir e debater filmes com a temática trabalho, cuidado, bens comuns e suas interfaces com Feminismo e Agroecologia, na intenção de fortalecer reflexões que tenham como norte a construção de relações justas, igualitárias e equilibradas entre as pessoas com o meio ambiente.
A mostra homenageia Maria Ferreira de Lima Sousa – Dona Lia – primeira mulher a assumir uma presidência de Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR’s) em Pernambuco em 1984, cargo até aquele momento ocupado por homens. Ficou conhecida pelo seu pioneirismo e protagonismo no movimento sindical no Sertão do Pajeú, abrindo caminho para tantas outras “Lias” que viriam. Foi na cidade de Itapetim (PE) que Dona Lia viu nas Comunidades Eclesiais de Base – CEB’s e na luta do movimento Sindical a força que precisava para sustentar seus filhos e lutar para que a presença das mulheres nos STR’s não fosse mais exceção e sim um direito garantido.
Apresentou proposta de campanha de Sindicalização das Mulheres no 4º Congresso da CONTAG em 1985, que foi um grande passo para mobilização das mulheres trabalhadoras rurais em todo o país, luta que se consolidou e se perpetua até hoje. Apresentou proposta de campanha de Sindicalização das Mulheres no 4º Congresso da CONTAG em 1985. Este documento foi um grande passo para mobilização das mulheres trabalhadoras rurais em todo o país, luta que se consolidou e se perpetua até hoje.
A Mostra pretende ser um espaço com conteúdo de produções audiovisuais independentes, dirigidas por mulheres, podendo ser criações de estudantes, profissionais do audiovisual, pesquisadoras, movimentos sociais e militantes dessas lutas, com as temáticas trabalho, cuidado e bens comuns e suas interfaces com Feminismo e Agroecologia.
O regulamento para envio de curta-metragem está disponível em https://www.3cifa.com/mostra e as inscrições seguem abertas até o dia 7 de fevereiro.
Sem feminismo não há agroecologia!
Durante o IV Encontro Nacional de Agroecologia, realizado em maio de 2018 no Parque Municipal de Belo Horizonte, o Grupo de Trabalho Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) publicou uma carta política sobre a construção agroecológica que pauta e acredita. Um caminho coletivo que busca relações justas, igualitárias e equilibradas entre as pessoas e o meio ambiente. Incentivamos que todas e todos leiam a carta (disponível em https://docs.wixstatic.com/ugd/17c230_39cd0e85b42043c0a7ea3dcfe5de3b3f.pdf ) e que continuemos essa trajetória de luta e resistência. As mulheres são memória da Agroecologia!