Queridas e queridos associadas, associados, companheiras, companheiros, amigas e amigos da ABA-Agroecologia
Em 2013, cheguei no VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA-Agroecologia), em Porto Alegre, com o vice presidenta e sai como presidenta da ABA. Em nenhum momento pensei em assumir tal posição. Penso que duas razões me levaram a assumir: a primeira, por pressão dos amigos e companheiros e, em especial, de muitas amigas e companheiras. A outra razão foi falta de juízo mesmo. Sabia que havia muito trabalho pela frente, mas o que eu não sabia é que também haveria muito reconhecimento pelo trabalho feito em conjunto. No IX CBA-Agroecologia, em Belém (2015), a diretoria da ABA foi recomposta, mas continuei na Presidência. No X CBA-Agroecologia, em Brasília (2017), novamente houve recomposição da diretoria da ABA. Desta vez, o professor Romier da Paixão Sousa, do Instituto Federal, campus Castanhal (Pará), foi eleito para o cargo. Entretanto, em nossas gestões assumimos, e este é o compromisso da nova diretoria, uma direção coletiva da ABA, onde a figura do/a presidente/a não é mais importante que os demais. A nova diretoria, com mandato 2018-2019, assume no dia 01/01/2018.
Nestes quatro anos, tive a oportunidade, em nome da ABA, de visitar praticamente todos os estados brasileiros. Como eu, muito outros diretores e coordenadores ou participantes dos Grupos de Trabalhos (GTs) tiveram também a oportunidade de, em nome da ABA, vivenciar como a agroecologia está sendo construída em cada canto deste país. Tivemos também oportunidades de ver o quanto temos unidade na diversidade e que a agroecologia está sendo cada vez mais semeada e enraizada Brasil afora, embora muito chão ainda precisa ser semeado. Há muito o que anunciar, mas também há muito o que denunciar!
Com o trabalho coletivo, a partir de duas direções ampliadas com os GTs, Revista Brasileira de Agroecologia e Cadernos de Agroecologia conseguimos ampliar o reconhecimento da ABA. Foram muitas ações, talvez menos do que gostaríamos. Junto com as comissões organizadoras locais, organizamos dois grandes CBAs (o de Belém e o de Brasília), o último em parceria com a Sociedade Latino Americana de Agroecologia e o II SNEA (Seminário Nacional de Ensino em Agroecologia); contribuímos com a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) na organização do III Encontro Nacional de Agroecologia; participamos ativamente da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO). Elaboramos e executamos, com instituições públicas parceiras, o Projeto Nacional de Sistematização de Experiências dos Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEAs) e Redes de NEAs, uma grande oportunidade para apontar lições e aprendizados importantes para que a ABA e os NEAs possam seguir construindo o conhecimento agroecológico. Fortalecemos a RBA e os cadernos de agroecologia e cada GT mobilizou pessoas, aprofundou suas temáticas e contribuiu fortemente com a diretoria da ABA. Estas são algumas das ações realizadas.
Queria aproveitar para agradecer a grande receptividade e acolhimento que tivemos e dizer que seguimos juntos na construção da Agroecologia. Todos nós, juntos com a nova diretoria, temos tarefas importantes pela frente. Dentre elas, precisamos contribuir com a Articulação Nacional de Agroecologia para a construção do IV ENA que será realizado em Belo Horizonte, de 31/05 a 03/06/2018. Todos precisam se articular regionalmente e contribuir com a preparação e realização do ENA. Precisamos construir o XI CBA nordestino em Sergipe, em 2019. Temos que fortalecer os GTs da ABA e cada um precisa se incorporar em um GT e contribuir para o seu desenvolvimento. Precisamos continuar fortalecendo nossas publicações e precisamos que mais pessoas se associem à ABA. Para isso, precisamos contribuir com a campanha de filiação da ABA. Precisamos, claro, continuar lutando bravamente para que o Brasil volte à sua normalidade democrática, para que as instituições brasileiras não se enfraqueçam, que as empresas brasileiras continuem sendo brasileiras, que nossas riquezas e os nossos bens naturais não sejam usurpados e entregues a quem não é de direito! Precisamos lutar por nenhum direito a menos, pela reforma agrária, pelos direitos dos povos e comunidades tradicionais aos seus territórios, pelo reconhecimento da importância da agricultura familiar e camponesa, pela continuidade da PNAPO (Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica), pela aprovação do PRONARA (Programa de Redução do Uso de Agrotóxicos, embora, a longo prazo nosso objetivo é a eliminação dos mesmos), pelo direito às cidades, pelo fim do patriarcado, do racismo, da homofobia e de todas outras formas de violência. São muitas lutas, mas somos muitos e somos forte!
Que 2018 venha com suas lutas certeiras, mas que também tragam vitórias individuais e coletivas para todos nós. Tenham todos um feliz 2018 e recebam a nova diretoria da ABA de braços abertos!
Há braços agroecológicos e fraternos!
Irene Maria Cardoso
Presidente da ABA-agroecologia Gestão 2014-2015; 2016-2017
Professora do Departamento de Solos
Universidade Federal de Viçosa
Viçosa, dezembro de 2017.
Acesse a carta aqui.