Do chão da floresta amazônica: saiba como foi III Seminário Nacional de Educação em Agroecologia (SNEA)

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (Paulo Freire)

No chão da floresta amazônica, no IFPA, Campus de Castanhal, no período de 04 a 07 de Julho de 2023, aconteceu o III Seminário Nacional de Educação em Agroecologia. Com o tema “Construindo caminhos para o fortalecimento de territórios de Bem Viver”, o III SNEA reuniu cerca de 250 pessoas para dialogar sobre princípios, metodologias e temáticas em torno da Educação em Agroecologia. 

Promovido pela Associação Brasileira de Agroecologia – ABA, através do Grupo de Trabalho em Educação em Agroecologia, a terceira edição do evento foi organizado por uma comissão que reuniu educadores e educadoras e estudantes vinculados a Núcleos de Agroecologia – NEA de todas as Instituições Federais de ensino atuantes no Estado do Pará (IFPA, UFOPA, UFPA, UFRA, UNIFESSPA), além do NEA Puxirum Agroecológico, da Embrapa. O evento contou com a participação de organizações sociais e o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra – MST. Esta ação marca, em 2023, a retomada dos eventos nacionais presenciais promovidos pela ABA em  parceira com diversas instituições e entidades. Também contou com o apoio da Fiocruz e da ex-deputada Federal Vivi Reis.

Partindo da questão norteadora “Como as experiências de Educação em Agroecologia estão contribuindo para a construção e/ou fortalecimento de territórios de Bem Viver?”, a programação do evento foi construída para favorecer a troca de saberes e o intercâmbio de experiências de educação formal em Agroecologia. 

Além do painel de abertura e de encerramento, a programação foi composta por 04 mesas redondas, 07 “Tapiris de Saberes” formados a partir dos 76 trabalhos aprovados, por 25 atividades autogestionárias, pelo “Tapiri das Crianças” (ciranda infantil), pela Feira de Saberes e Sabores com cerca de 40 expositores, por atividades artístico-culturais e 04  visitas técnicas à experiências de educação em agroecologia. 

Participaram do evento educadoras/es, estudantes e representantes de instituições e entidades envolvidas em experiências concretas de Educação em Agroecologia (no ensino, na pesquisa e na extensão, com diferentes inserções, áreas do conhecimento e propostas político-pedagógicas), semeadas e cultivadas pelas várias regiões do país. São pessoas das diferentes regiões do Brasil, etnias, idade, gênero, categorias sociais, instituições, entidades e áreas de atuação profissional. Foram recebidas inscrições de pessoas de 60 instituições e entidades (instituições de ensino, de pesquisa, associações e cooperativas da agricultura familiar e/ou povos e populações tradicionais, organizações não governamentais, órgãos federais, movimentos sociais) e experiências de 14 estados brasileiros. Os relatos de experiências apresentados no III SNEA serão publicados em edição especial dos Cadernos de Agroecologia ( HYPERLINK “http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/cadernos” http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/cadernos).  

A primeira e a segunda edição do seminário foram realizadas respectivamente em 2013 em Recife e em 2016 na cidade do Rio de Janeiro.

Qual a importância do SNEA para construção da educação formal em Agroecologia? 

O SNEA é lugar de encontro, de partilha, de troca e de construção de aprendizagens no campo da educação em agroecologia. O III SNEA possibilitou às e aos participantes conhecer processos de co-construção de conhecimentos que resultam em iniciativas de resistências que tecem caminhos para promoção da Educação em Agroecologia a partir de diferentes territórios. Na contramão de iniciativas conservadoras, a articulação entre extensão, prática, pesquisa e ensino em agroecologia questiona a formação tecnicista e valoriza a formação voltada para a construção de experiências de cuidado e Bem Viver nos territórios. A diversidade de iniciativas de educação formal em agroecologia, desde a primeira infância à pós-graduação, núcleos, grupos de estudos, escolas do campo, das águas, das florestas e das cidades, ressaltaram a importância do trabalho coletivo e em rede por meio arranjos institucionais e parcerias, demonstrando que é possível a construção de processos educativos diferenciados com base nos territórios, na diversidade e na complexidade. 

Quais são os desafios e as perspectivas futuras?

Os debates e aprendizagens trazidos durante o evento destacam como desafios a disputa de narrativas em torno dos projetos políticos-pedagógicos dos cursos, da regulamentação da profissão do/da Agroecólogo/a e do investimento estatal em instituições de ensino e ações no campo da Agroecologia. Entretanto, ressaltam a importância da educação popular e de ações em rede na construção de processos educativos pautados em princípios da Agroecologia. Além disso, apontam a extensão universitária e a educação básica como caminhos para agroecologizar a educação. Assim, a perspectiva é de que, a partir dos elementos apontados nesse SNEA, sejam atualizados os princípios  norteadores da Educação em Agroecologia construídos a partir do I SNEA e que sejam tecidas e fortalecidas redes com vistas à criação de unidade em torno da construção de uma agenda de educação em agroecologia.

Por fim, o evento é mais uma ação da construção do Congresso Brasileiro de Agroecologia, que terá sua culminância entre os dias 20 e 23 de novembro no Rio de Janeiro, mas que segue em Movimento, pelas cirandas, barracões de saberes e rodas de diálogos Brasil a fora!!

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