Com a participação de:
- Maria Izaltina Silva Santos – Território Quilombola Brejão dos Negros – Brejo Grande, SE
- Robério da Silva – Território Quilombola Pontal da Barra – Barra dos Coqueiros, SE
- Geonisia Silveira – Movimentos das Marisqueiras de Sergipe, Muculanduba – Estância, SE
- Elionice Sacramento – Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP)
- Marcelo Firpo (Fiocruz), Lia Giraldo (Fiocruz), Fernando Carneiro (Fiocruz) e Raquel Rigotto (UFC) – membros do Grupo Temático Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
- Paulo Petersen – Agricultura Familiar e Agroecologia (ASPTA) e vice-presidente da ABA-Agroecologia
Tire o óleo do caminho
que eu quero passar
Tire o óleo do caminho
que eu quero pescar
Tire o óleo do caminho
QUE AQUI É O MEU LUGAR
Depois das tragédias-crime ocasionadas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana-MG, 2015, e pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho-MG, 2018, convivemos com aquela que vem se configurando como uma das maiores tragédias-crime da história envolvendo a cadeia do petróleo. Já são mais de 60 dias de toneladas imensuráveis de óleo bruto de petróleo que adentram praias, rios, mangues e estuários de mais de 220 localidades, 80 municípios e toda a região do Nordeste.
Por mais de um mês o governo brasileiro e a grande mídia invizibilizaram a diversidade de Povos e Comunidades Tradicionais atingidos, ao propagarem os impactos ocasionados a indústria do turismo e a fauna e flora marítima. Pescadores e pescadores artesanais, marisqueiras, quilombolas, sequer foram citados e tampouco ouvidos.
A presente atividade promovida pelo CBA é fruto de uma série de articulações que se deram no estado de Sergipe, mas últimas semanas, em que um conjunto de movimentos sociais que representam a diversidade destes povos do campo e do mar elaboraram uma carta-denúncia ao Conselho Nacional de Direitos Humanos para a realização de uma missão emergencial ao estado com o objetivo de averiguar as violações de direitos humanos provocadas por esta tragédia-crime. Finalizada no dia 25/10 com uma Audiência Pública, a missão do CNDH escutou destes povos que a reprodução de suas vidas se encontram ameaçadas. Não há condições de pescar e mariscar. Não há alimento para comer. Não há renda para sobreviver. Aqueles e aquelas que entraram em contato com o óleo apresentaram tonturas, náuseas, alergias é queimaduras na pele.
O derramamento de óleo é, na realidade, mais um dos inúmeros impactos resultantes de um projeto de desenvolvimento antagônico aquele defendido pelo CBA. Fruto de uma lógica que produz a morte e não a vida.
A presente atividade pretende criar um espaço de reflexão e tomada de consciência sobre a tragédia-crime e seus impactos, especialmente sobre os territórios dos Povos e comunidades tradicionais do litoral nordestino; construir um conjunto de propostas de atuação articulada sobre o tema, levando em consideração que a curto prazo este é o espaço que reunirá representações de movimentos sociais, instituições, universidades de todo o país; colaborar para a construção de um posicionamento do CBA em relação ao tema; e aprofundar os diálogos entre os povos das águas e, o movimento agroecológico e o movimento da saúde.