Movimentos agroecológicos experimentam novos métodos de construção do conhecimento

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Foto: Rafaele Gonçalves da Silva/Comunicação SNEA.

Os organizadores do II Seminário Nacional de Educação em Agroecologia (SNEA), evento realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), se desafiaram a exercitar uma nova metodologia na apresentação dos trabalhos acadêmicos. Buscando uma participação mais ampla e horizontal, estão apostando em novas abordagens na construção do conhecimento com as chamadas rodas de diálogos. Divididos em grupos pequenos alternando em espaços diferentes, as pessoas vão circulando e trocando experiências.

De acordo com Felipe Simas, professor de licenciatura do campo na Universidade Federal de Viçosa (UFV), a questão da educação em agroecologia tem desafios metodológicos porque nas instituições é feito tradicionalmente através de um professor ou um “expert”. Mas na agroecologia com uma diversidade de plantas e animais cada um com sua função, é preciso fazer com que essas coisas apareçam daí a necessidade de fazer um seminário que permita o máximo de diálogo e interação.

Foto: Rafaele Gonçalves da Silva/Comunicação SNEA.
Foto: Rafaele Gonçalves da Silva/Comunicação SNEA.

“Ao invés de cada um apresentar o seu trabalho, como é feito tradicionalmente, se optou pela apresentação em partilha de rodas de conversas. Uma metodologia do espaço com outras linguagens, que não é só racional e acadêmica, com instalações pedagógicas e elementos simbólicos trazidos pelos trabalhos. As pessoas vão passando por essas instalações artísticas pedagógicas, e a conversa surge através da interpretação dos elementos que se comunicam por si próprio. E ainda tem os facilitadores e um relator, que vai subsidiar a memória do evento para um documento de síntese”, afirmou.

Durante a plenária de socialização das instalações, os participantes relataram as experiências vividas durante as conversas. Segundo Marcos Figueiredo, de Pernambuco, o grupo dele teve a oportunidade diversas experiências interessantes, tais como a articulação de dos núcleos de agroecologia, a comunicação popular, e a formação acadêmica, dentre outras. “Surgiu uma caixinha de produto transgênico na roda, e a partir dela apareceram algumas perguntas. Percebemos que o modelo capitalista agroalimentar ainda está no centro e nós nos colocamos na resistência. Mas estar na margem não significa que está parado, essa reflexão permite o aprofundamento da análise sociológica e econômica”, disse.

Foto: Rafaele Gonçalves da Silva/Comunicação SNEA.

Um dos grupos foi praticamente composto só por jovens, no qual se discutiu questões universitárias e temas afins. Para Larissa Harissa, estudante de Rio Claro (SP), havia muitos materiais de sistematização de experiências dos agricultores e a horta comunitária foi um tema muito presente. “Ea atuação nas periferias com o tratamento dos resíduos, além da questão da soberania alimentar. Os cortes das extensões universitárias também foram discutidos, a incerteza de continuidade das pesquisas e como atuar nos nossos cursos para integrar a agroecologia”, destacou.

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