Experiências de agricultoras/es estarão no Congresso de Agroecologia

Relato de produtor do Distrito Federal é utilizado como modelo para inscrições de trabalhos para o Congresso de Agroecologia, que acontece em setembro, em Brasília

Em setembro, Brasília sediará o VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, o X Congresso Brasileiro de Agroecologia e o V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno. Os eventos têm como objetivo promover a troca de saberes e experiências através de várias atividades como palestras, feiras, rodas de conversa e apresentação de trabalhos. Os congressos vão acontecer no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, entre os dias 12 e 15 de setembro.

O relato de experiência popular é a grande novidade na submissão de trabalhos para 2017. Nessa modalidade, agricultoras/es podem apresentar suas experiências às/aos participantes. O prazo para inscrição de trabalhos vai até o dia 30 de abril (domingo).

O trabalho de transição agroecológica realizado pela família do agricultor orgânico do Distrito Federal, Vilmar de Almeida, é apresentado como modelo de relato de experiência popular para o evento. Por meio da transição agroecológica, o Vilmar mudou todo seu sistema de cultivo, aumentando também a quantidade e variedade de produtos.

Com sua esposa, Denírcia de Almeida, e sua filha, Giovanna Cardoso de Almeida, Vilmar mora e produz alimentos no sítio Araúna, na região administrativa de Planaltina (DF), e conta como a agroecologia ajudou sua família a viver da agricultura com qualidade de vida.

Filho de agricultores, Vilmar veio aos 16 anos para Brasília. Após dispensa no alistamento militar, foi trabalhar no campo e desde então teve a certeza de que, assim como os pais, queria trabalhar e viver da terra. “Comecei a buscar capacitações na área e participei de cursos que me ajudaram a tomar a decisão de deixar de ser empregado para administrar minha própria propriedade”, conta Vilmar. Em 2005, ele então comprou seu pedaço de terra de dois hectares e começou a cultivar hortaliças de forma convencional, usando seu próprio conhecimento.

Em 2010, Vilmar buscou apoio na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) para fazer um projeto e ter acesso a linhas de crédito rural, de forma a alavancar a produção. “Primeiramente ele procurou a Emater para poder ter acesso ao Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e a partir daí a empresa passou a convidá-lo para participar de cursos e a acompanha-lo”, conta a extensionista da Emater-DF Gesinilde Radel Santos.

Apesar de ter desenvolvido bem o cultivo convencional, ele notou que o que ganhava com a venda de seus produtos era praticamente tudo gasto em lojas de produtos agropecuários, com adubo, sementes e agrotóxicos para o próximo plantio. E, foi por meio de um curso realizado pela Emater para aplicadores de agrotóxicos, que ele também percebeu o perigo do uso indevido para a saúde dele, da família e do meio ambiente. “Esse curso acendeu uma luz de alerta, mostrando que eu deveria tomar outro rumo na minha produção”, conta Vilmar.

No processo de transição agroecológica, várias mudanças foram feitas em sua propriedade, como a adoção do plantio consorciado, aproveitando o mesmo espaço para cultivar várias espécies; o uso de barreiras para divisão de talhões, para quebrar ventos e conservar o Cerrado; a prática da compostagem e o uso de caldas e produtos alternativos para o manejo de pragas, no lugar de agrotóxicos.

Tudo isso mudou a produção de Vilmar. No cultivo convencional produzia apenas 10 variedades de produtos, principalmente folhosas, com uma produção de 400 maços por semana. Hoje, planta aproximadamente 28 tipos de alimentos entre folhosas, frutos, legumes e tubérculos, com produção média semanal de 2.500 unidades.

Comercialização

A comercialização também foi um desafio encontrado por Vilmar. “Primeiro eu vendia de porta em porta, aos sábados, num bairro da cidade de Planaltina-DF. Depois vi a oportunidade de entregar diretamente em restaurantes, sacolões e mercados. Comecei a construir devagar esse canal de comercialização. Os meus clientes estavam cientes de toda a transformação que estava ocorrendo dentro da minha propriedade e foram me dando voto de confiança por ver a qualidade do meu produto e a sua maior duração relatada por eles mesmos. Aos poucos fui provando que era possível oferecer um produto de qualidade com constância e cobrando um preço justo que pagasse o meu esforço e atendesse as necessidades dos comerciantes”, conta.

Vilmar também começou a fazer entregas em domicílio de cestas com diferentes itens produzidos no Sítio Araúna, atendendo a 40 famílias por semana. Depois que já conseguia cultivar alimentos com qualidade, sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos, Vilmar buscou aprimorar o processo de produção orgânica, primeiramente fazendo parte em 2014 de uma OCS – (Organização de Controle Social) e, posteriormente, já em 2017, integrando um grupo de certificação da produção orgânica, neste caso um OPAC (Organismo Participativo da Conformidade Orgânica). Atualmente o referido produtor e mais outros nove produtores da região, estão cumprindo a fase final de certificação.

O agricultor busca obter a certificação participativa pela OPAC Cerrados, uma organização local dos agricultores do Distrito Federal. “Isso me permitirá vender meus produtos orgânicos diretamente para o consumidor e também no atacado”, explica.

Hoje, o Sítio Araúna possui um roteiro de visitação para apresentar seu trabalho a consumidoras/es, técnicas/os, estudantes, cientistas e outras/os agricultoras/es. E, para auxiliar na organização dos agricultores da região, Vilmar participa da Associação de Produtores Familiares Agroecológicos (ASFAG), formalizada em 2016.

Experiências

Essa é apenas uma das histórias que serão compartilhadas no evento. Para inscrever um relato de experiência popular, trabalho científico ou relato de experiência técnica, basta acessar www.agroecologia2017.com, no menu de submissões, estão as normas de submissão e os modelos desses trabalhos.

Não é obrigatório o pagamento antecipado da inscrição para submeter um trabalho. Entretanto, para participar do Congresso, apresentar o trabalho e publicá-lo, caso seja aceito, será necessário o pagamento da inscrição. Pesquisadoras/es, agricultoras/es, estudantes e o público em geral podem fazer sua inscrição com os menores valores até o dia 30 de abril.

Os eventos são promovidos pela Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (SOCLA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e organizados em Brasília por uma comissão formada por instituições públicas como Embrapa, UNB, Seagri e Emater-DF, além de outras instituições e organizações e movimentos sociais. Acompanhe as novidades no site e no perfil facebook /agroecologiadf.

Jornalista Responsável Carolina Mazzaro – Emater/DF

Assessoria de imprensa do Congresso

comunicação@agroecologia2017.com.br

Daniela Collares (MTb 114/01 RR) – Embrapa Agroenergia

Telefone: (61) 3448-1581

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