“A gente escreve a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão”

Escrita Criativa – textos, vídeos e materiais para estudo e experimentação

No processo preparatório para o XI Congresso Brasileiro de Agroecologia, que acontece em novembro de 2019 em Sergipe, inúmeras iniciativas vêm experimentando metodologias e processos coletivos centrados nos desafios da escrita científica.

Entre 2015 e 2017, a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia),  realizou um conjunto de ações sobre sistematização de experiências articuladas a partir do Projeto de Sistematização de Experiências dos Núcleos de Agroecologia. A preocupação com a autoria coletiva, com os limites das escrita acadêmica que, em grande medida, não compreende a diversidade de habilidades, temporalidades e dinâmicas dos sujeitos e o compromisso em repensar as ferramentas de pesquisa, mobilizaram esforços que resultaram em algumas atividades e produtos específicos sobre o processo de escrita.

Entre esses resultados, destaca-se a produção de uma Edição Especial da Revista Brasileira de Agroecologia (RBA) dedicada as narrativas produzidas por 27 experiências diferentes de construção do conhecimento agroecológico no Brasil, a publicação de um Caderno de Metodologias com algumas práticas pedagógicas que podem apoiar o processo de sistematização e um banco de memórias que reúne materiais produzidos em parceria com os Núcleos de Agroecologia das cinco regiões do país.

Nascentes dessa história

Nessa caminhada, é importante relembrar uma das principais nascentes desse rio de histórias: a parceria com educadores/as da Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre eles, o professor Willer Barbosa que esteve ativamente envolvido com a primeira oficina de Escrita como Descoberta, realizada após a IX Troca de Saberes, em julho de 2017, e dinamizada por ele.  Essa iniciativa se conectava aos esforços anteriores do Coletivo de Comunicação do Sudeste (Projeto da Rede de Núcleos de Agroecologia) quando, em 2015, realizou a primeira edição do Carrossel da Comunicação e Cultura Popular que teve, três anos depois, sua segunda versão em Paraty (RJ), em outubro de 2018 – já em parceria com o GT de Comunicação e Cultura da ABA.

De 2017 até 2019, aprendemos, experimentamos e, sobretudo, descobrimos um universo de análise, práticas e iniciativas que partem dos mesmos cuidados com a escrita científica mais coletiva. Vários exercícios e reflexões reunidas aqui carecem de maior aprofundamento e estudo, e diversos desses achados precisam ser revisitados com maior aprofundamento e diálogo teórico.  Como já dito, esse documento representa um “guarda-chuva guardião” dessas memórias coletivas e mais um elo de apoio, entre vários, na rede de cuidados que almeja florescer processos preparatórios rumo ao XI CBA.

Partilhando ideias: Documento de Apoio

Neste documento, disponível para download, reunimos poesias, vídeos, textos, dissertações, livros, links e dicas sobre esse processo de escrita. Nele, deixamos ainda nossos contatos para que possamos seguir dialogando, pois – assim como os NEAs – estamos espalhadas pelo Brasil e, esse documento, também é uma janela aberta para que oficinas presenciais, conversas virtuais, minicursos e outras atividades sobre escrita criativa possam ser pensadas conjuntamente com vocês e com muitas/os educadoras/es que atuam em cada território.

Seja de forma associada aos seminários preparatórios ao XI CBA ou animadas enquanto atividades específicas nas universidades, institutos federais, assentamentos, quilombos, terras indígenas, sertões, igarapés, espera-se que possamos repensar a escrita científica com as cores e diversidades dos povos.

Essa colheita, ainda muito inicial, está permanentemente aberta para novas sugestões. Nos enviem suas impressões, dicas, sugestões, materiais e processos inspiradores: sistematiza.aba@gmail.com

* A frase que confere o título ao texto é de Eduardo Galeano – “A gente escreve a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os demais, para denunciar o que dói e compartilhar o que dá alegria. A gente escreve contra a própria solidão e a dos outros. A gente supõe que a literatura transmite conhecimento e atua sobre a linguagem e a conduta de quem a recebe; que ajuda a nos conhecermos para nos salvarmos juntos… A gente escreve, em realidade, para a pessoa com cuja sorte ou má sorte nós nos sentimos identificados, os maldormidos, os rebeldes e os humilhados desta terra, e a maioria deles não sabe ler”.


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