Reunindo mais de 100 participantes de todo o Brasil, o encontro fortaleceu alianças entre organizações do campo agroecológico para enfrentar desafios do atual cenário e revigorar a agroecologia nos territórios
Acalorando ainda mais as terras de Aracaju (SE), representantes de diferentes redes, movimentos e organizações que constroem a agroecologia no Brasil se reuniram entre os dias 19 e 22 de março, na Plenária da Articulação Nacional de Agroecologia. Neste ambiente de convergências impulsionador da potência criativa e afetiva do coletivo, foram geradas reflexões sobre a atuação no atual contexto, considerando os desafios e retrocessos em direitos enfrentados, bem como as alternativas conjuntas para o fortalecimento da agricultura familiar e camponesa e dos povos e comunidades tradicionais na construção da agroecologia, da reforma agrária e da soberania alimentar.
As/os participantes foram convidadas/os a se conectar com o pulsar do IV Encontro Nacional de Agroecologia, que ainda vibra nos diferentes territórios, trazendo à memória os diferentes aprendizados e desdobramentos do Encontro. À luz da força mobilizadora do IV ENA, traduzida no lema “Agroecologia e Democracia: Unindo Campo e Cidade”, foram pensadas agendas prioritárias e estratégias políticas a serem fortalecidas e incorporadas nos próximos anos de atuação da Articulação. Para aquecer as lembranças do IV ENA, foi apresentado o mini-doc produzido pelo Curta Agroecologia, disponível neste link.
As realidades vividas pelas redes de agroecologia foram compartilhadas por representantes das diferentes regiões, ampliando entendimentos sobre como as dinâmicas acontecem e aprofundando olhares sobre como as experiências podem ser traduzidas em uma maior conexão entre os movimentos e também com a sociedade em geral. Foram apresentadas as experiências da Articulação Tocantinense de Agroecologia, da Rede Sergipana de Agroecologia, do Núcleo Planalto (RS) da Rede Ecovida de Agroecologia e também do projeto Ecoforte Redes, que reuniu 24 redes de agroecologia brasileiras.
Enraizando as discussões no território que acolheu a Plenária, cinco rotas percorreram os quatro cantos de de Sergipe, promovendo vivências em experiências agroecológicas construídas nos distintos locais do estado. Foram visitados assentamentos da reforma agrária, uma casa de sementes crioulas, unidades familiares e coletivos camponeses de produção de alimentos orgânicos, uma escola família agrícola, experiências de transição agroecológica e de organização de mulheres extrativistas.
Os diferentes sujeitos políticos que se auto-organizam na ANA – mulheres, juventudes, indígenas e quilombolas – e grupos e coletivos temáticos refletiram e apresentaram suas principais agendas e perspectivas de organização nos próximos períodos, enriquecendo as discussões sobre os temas mobilizadores da Articulação. Saíram fortalecidos lemas como: “Sem Feminismos, não há Agroecologia”; “Se tem racismo, não tem Agroecologia” e “Se há LGBTfobia, não há Agroecologia”.
A vitalidade da comunicação e da cultura popular também se fez presente no encontro, de modo especial no diálogo com a população local, expressada na noite cultural com apresentações de grupos protagonizados por mulheres e uma feira popular de alimentos saudáveis e artesanais, realizada abaixo da ponte de Barra dos Coqueiros, no bairro Industrial.
Expressando e buscando cada vez mais “unidade na diversidade”, o movimento agroecológico se fortalece como terreno fértil para a construção de outras relações possíveis, justas e sustentáveis, entre as pessoas e a natureza e das pessoas entre si, e como componente essencial para o desenvolvimento democrático do Brasil. #AgroecologiaÉoCaminho