Agronegócio tenta manter circulação de agrotóxico que pode causar Parkinson, fibrose pulmonar e intoxicações agudas; sociedade civil reage, pressionando para que o banimento aconteça, como previsto, em setembro deste ano
Nesta quinta-feira (06), às 17h, a Campanha Contra os Agrotóxicos convida especialistas de várias áreas para debater a proibição do Paraquat, agrotóxico altamente tóxico produzido pela Syngenta e já banido na União Europeia desde 2007. Participam do diálogo o ex-gerente geral de toxicologia da Anvisa e pesquisador do CESTEH/Fiocruz, Luiz Cláudio Meirelles; a repórter investigativa, documentarista e produtora de jornalismo da Repórter Brasil, Ana Aranha; o procurador federal, mestre em antropologia social e doutorando em história indígena, Marco Antônio Delfino; e a docente e pesquisadora da área Toxicologia da UFRGS, Solange Cristina Garcia, que também é Fundadora da AstoxiLatin.
O tema do Paraquat volta para o cenário após o lobby do agronegócio no Congresso retomar pedido de prorrogação do uso do herbicida. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), por meio do deputado Luiz Nishimori (PL-PR), apresentou projeto de decreto legislativo (PDL 310/2020) para sustar os efeitos da resolução (RDC 117/2017) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbe o paraquat no Brasil, fixado para o dia 22 de setembro próximo.
Não é a primeira vez que ruralistas tentam atropelar Anvisa e cancelar o banimento do Paraquat. Em 2018, uma proposta de Decreto Legislativo apresentado pelo então deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) também buscava cancelar a resolução e manter a circulação do agrotóxico.
Após 10 anos de reavaliação dos efeitos do ingrediente ativo Paraquat e de muita pressão da sociedade civil brasileira e europeia, a Anvisa decidiu em 2017 que o agrotóxico deveria ser banido do país. Mesmo assim, a decisão foi bastante generosa com a indústria: o Paraquat só seria definitivamente banido em setembro de 2020, com possibilidade de reversão da decisão, caso novos estudos provassem que o Paraquat não causa doença de Parkinson, fibrose pulmonar ou as graves intoxicações agudas demonstradas.
Em reportagem recente, a Repórter Brasil e a Agência Pública denunciaram o lobby do agronegócio em diversas esferas, além dos ministérios e Congresso, para reverter a proibição do Paraquat, a exemplo do financiamento de pesquisas pelo agronegócio, como o estudo conduzido no laboratório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp. Após a denúncia, o Comitê de Ética da Universidade suspendeu pesquisa financiada pelos produtores de soja.
Serviço:
O que: Debate on-line sobre banimento do Paraquat
Quando: Quinta-feira, 06/08
Horário: 17h
Onde: Ao vivo no Facebook e Youtube da Campanha: https://www.facebook.com/CampanhaContraOsAgrotoxicos/ https://www.youtube.com/contraosagrotoxicos