Entre 13 e 14 de outubro, o território da Costa Verde (RJ) acolheu a segunda edição do Carrossel da Comunicação e da Cultura Popular. Como etapa preparatória ao I Encontro Diálogos e Convergências: Saúde e Agroecologia (Fiocruz/ANA/ABA), o processo de aprendizagem reuniu – no feriado chuvoso de Primavera – cerca de 40 pessoas.
Jovens dos territórios quilombolas, indígenas e caiçaras que animam e compõe o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba conectados às juventudes da Universidade Federal Fluminense de Angra, da região Metropolitana do Rio de Janeiro (Magé e Vargem Grande), do Coletivo Permacultura Lab e do Núcleo Interdisciplinar de Agroecologia (UFRRJ/Embrapa Agrobiologia).
Ancestralidade, renovação política e redes de colaboração foram algumas das ideias que circularam pelo encontro que mostrou que é da diversidade, do afeto, do acolhimento e do respeito que muitos caminhos de resistência poderão ser florescidos na defesa dos territórios, dos direitos e da vida.
Facilitação Gráfica, Mídias Sociais, Produção Cultural e Escrita Criativa foram alguns dos espaços formativos desse Carrossel que contou com exercícios práticos, análises de conjuntura coletiva e ferramentas de planejamento colaborativo.
Em tempos de tantos desencontros e ataques à democracia e às pessoas, a realização do Carrossel e a oportunidade de aprender com as juventudes deste território, são conquistas que reacendem muitas esperanças.
Que possamos ocupar e reencantar processos, caminhar juntas e juntos e confiar nas nossas habilidades e potências: Sejamos Luz!
Para finalizar este agradecimento as juventudes, contamos sobre as colheitas: durante a oficina de escrita criativa, e ao longo de todos os espaços do Carrocel, muitos textos e ilustrações incríveis foram construídas pelas mãos dessa turma animada, e, entre tantos presentes maravilhosos, compartilhamos o texto de Raisa Francisco, do Quilombo Santa Rita do Bracuí, que nos inspira a seguir, cada vez mais, juntas e juntos!
Carta aos antepassados
Ontem eu sonhei
Sonhei que estava viajando
Viajei para um lugar onde estávamos livres
Livres das correntes de ferro
Livres das correntes do preconceito
Livres para sermos quem realmente somos
Mas eu acordei e percebi que não é bem assim
Ainda estamos presos
Presos pelas algemas
Presos pela intolerância
Não nos aceitam como somos e ainda querem nos punir
Só quero que saiba – NÃO VAMOS DESISTIR!
A força que te fez lutar, hoje está em mim
Não luto só com armas que fazem sangrar
A minha arma também acerta o coração e a mente
E me faz agir
Tudo que hoje eu sei
Sei que vieram de ti