“Ninguém começa lendo a palavra, porque antes da palavra, o que existe é o mundo; e as pessoas, homens e mulheres, leem o mundo na medida em que o interpretam.”
(Paulo Freire)
É nos territórios que a agroecologia pulsa forte. Que as famílias camponesas preparam a terra e cultivam as sementes com o amor necessário à produção de alimentos. É nos territórios que se produz a cura para os males do corpo e da alma. É nos territórios que se faz fluir a água da vida e que se firma os passos necessários à construção do conhecimento agroecológico.
Por isso, o diálogo de saberes é um dos princípios que fortalecem o lema do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA): “Ecologia de Saberes: Ciência, Cultura e Arte na Democratização dos Sistemas Agroalimentares”, que acontecerá de 4 a 7 de novembro em Sergipe. Quando criamos as condições necessárias para a existência de um diálogo horizontal entre o conhecimento popular e o conhecimento científico estes ambientes de aprendizagem se tornam reais.
Olhando para as diversas linguagens – texto e vídeo, e tradições – oral e escrita, o XI CBA dá mais um passo em direção a estes ambientes de diálogo de saberes ao abrir, pela primeira vez em seu congresso, a submissão de relatos de experiência popular em vídeo. Divulgamos, ABA-Agroecologia e a Rede Sergipana de Agroecologia (Resea), as normas para submissão de trabalhos nesta categoria.
Como dizia o grande cineasta Glauber Rocha, na década de 1960, “para fazer um filme, basta uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”. Hoje, com o avanço das tecnologias, podemos dizer que basta um celular, uma boa ideia e acesso à internet para contar e divulgar as nossas histórias, fazendo o registro das comunidades onde vivemos e as questões sociais, políticas e culturais de nosso cotidiano. A diversidade de cores, sabores, cheiros, lutas e resistências.
O intuito é abrir espaço para essas experiências agroecológicas, que pulsam nos territórios e são protagonizadas pelas/os agricultoras/es, povos indígenas e comunidades tradicionais. Os vídeos submetidos como relatos de experiência popular para o XI CBA podem ser feitos tendo como único recurso um celular e uma ferramenta de captação de áudio muito simples, como um fone de ouvido com microfone.
Normas de submissão
Os vídeos devem ser gravados na posição horizontal com duração de até 5 minutos, trazendo a força, riqueza e diversidade da experiência – seja anúncio ou denúncia. Instigar a nossa criatividade ao compartilhar nossas histórias, que pessoas fazem parte dela, de que maneira se envolvem, como ela dialoga e se relaciona com o dia a dia da comunidade onde está inserida.
Os materiais produzidos devem ser encaminhados para o e-mail produtora.ufs@gmail.com até o dia 19 de junho de 2019, seguindo as normas do edital e junto ao Termo de Cessão de Imagem devidamente assinado por todos/as os/as que participam do vídeo. As normas para submissão e o termo de cessão de imagem estão disponíveis ao final deste texto.
Os vídeos serão avaliados pela Comissão de Curadoria dos Relatos de Experiência Popular em Vídeo, cujo e-mail para contato é o curadoriadevideos.cba@gmail.com.
Mobilização e protagonismo
Fortalecer os espaços de organização e mobilização social dos diversos sujeitos que constroem a agroecologia enquanto prática, ciência e movimento é um dos horizontes do XI CBA.
Por isso, a submissão de relatos de experiência popular em vídeo apresenta desafios incríveis não só à Comissão Organizadora do XI CBA, mas também aos/às assessores/as técnicos/as, extensionistas, núcleos de agroecologia, coletivos e redes de agroecologia: contribuir com a mobilização nos territórios para que seja garantido o processo de gravação e envio dos vídeos com as narrativas sobre as experiências agroecológicas realizadas pelos/as agricultores/as, camponeses/as, povos indígenas e comunidades tradicionais.