Escrita como Descoberta: Partilhando aprendizados a partir da Oficina

A nossa caminhada com o Projeto de Sistematização de Experiências nos mostrou que um dos grandes desafios para o fortalecimento da agroecologia – compreendida enquanto ciência, movimento e prática – ainda é o anúncio, o registro e sistematização das nossas práticas e resistências dentro e fora das universidades e demais instituições de pesquisa e extensão.

Mesmo com o passo apertado e a mochila cheia de trabalho rumo ao X CBA, aproveitamos o momento especial da IX Troca de Saberes (UFV) para construir um espaço de aprendizagem sobre a escrita científica. A oficina foi um dia de despertar o sabor e, portanto, o prazer pela escrita, brincar com as combinações possíveis de palavras, desenhos e significados.

Esses foram alguns dos ingredientes dessa primeira oficina realizada no dia 18 de julho no gramado escola da UFV. Contando com a facilitação do educador Willer Barbosa, a oficina percorreu caminhos criativos que pudessem nos reconectar à arte de escrever e seus horizontes. Veja algumas fotos no facebook do projeto!

Resolvemos partilhar os nossos aprendizados, desse dia tão bonito, com esse vídeo e algumas dicas construídas a partir das nossas reflexões e sínteses coletivas. Essa experiência também esta registrada em um pequeno vídeo.

Lições Aprendidas: Sobre a Escrita como Descoberta
  1. É preciso Despertar o corpo e a mente para que você esteja atento e presente no processo de escrita!

Faça respirações profundas, alongamentos, prepare um espaço acolhedor para você e se concentre.

2. Comece! Comece como estiver e como puder, apenas dê o primeiro passo. Deixe a escrita fluir livremente no papel.

Nesse momento não se preocupe com o conteúdo, formato, tamanho. Desabroche e deixe fluir as teclas, a caneta ou o  lápis de modo que sua mão seja mais rápida do que seu pensamento, não julgue apenas escreva.

3. Conectar ideias, parágrafos, propostas. Seja uma escrita coletiva ou individual, é preciso juntar as percepções, verificar sombreamentos, repetições, ausências e destacar ideias fortes.

4. Descrever e Explicar são etapas importantes na construção do texto. Vale a pena verificar se estão claras as conexões, o objetivo. Se o leitor, mesmo sem conhecer sua proposta, experiência e ideia, consegue ler e compreender o que está descrito.

5. Sintetizar é sempre um desafio. Mas, aqui, lembramos novamente da objetividade, da clareza e da necessidade de não darmos muitas e muitas voltas para falar do que queremos.

6. Compartilhar o que escrevemos é fundamental. Mostre seus textos  para pessoas que possam fazer uma leitura atenta e sincera, destacando pontos frágeis e caminhos de melhoria. A escuta com afeto nos aproxima, cria vínculos de confiança. Primeiro escute, receba com atenção as percepções de quem leu o seu texto. Se explicamos antes de escutar podemos interferir de alguma maneira no que seria dito.

7. Dialogar é sempre o caminho mais promissor na construção de textos coletivos. Busque caminhos conjuntos para que todas e todos possam participar.

8. Depois do texto pronto, é importante não deixar de Refletir. Fazer um balanço do nosso percurso de escrita e refletir sobre o que ajudou e o que dificultou o processo de escrita, individualmente e coletivamente. Compartilhe suas impressões, anote dicas e percepções que podem ser aprendizados para as próximas escritas.

9. Celebre! Festeje sua conquista. Comemore os aprendizados, compartilhe: vamos divulgar, ampliar e fortalecer as experiências agroecológicas.

Outras Dicas:

  • Não esqueça das diferenças entre descrever sobre o conteúdo (tema-assunto) e o processo (a experiência vivenciada, o caminho e o método construído ou mobilizado para tal ação)
  • Não deixe de disponibilizar o conteúdo, material, reflexão construída. Garanta um local onde este material possa estar acessível para quem quiser ver, aprender e recriar a partir dele!
  • Organizar a escrita em parágrafos sempre pode nos ajudar:
    • iniciais – apresenta as ideias, objetivos, localiza e descreve sua experiência
    • intermediários – desenvolvimento de suas ideias, fala do processo, conta da metodologia
    • finais – conclui, destaca aprendizados, desafios, aponta horizontes
  • Não tá saindo: vai caminhar, ouvir música, fazer yoga, namorar e ativar o corpo, solta as amarras e tenta de novo!

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