II Seminário Nacional de Educação em Agroecologia encerra reafirmando o compromisso na construção de uma educação e sociedade radicalmente democráticas

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Foto: Clara de Sá/Comunicação SNEA

 

Anúncios de resistência e luta por parte de movimentos que afirmam que retrocessos na Educação não serão aceitos. Essa foi a tônica que permeou o II Seminário Nacional de Educação em Agroecologia (SNEA), que sintomaticamente teve por tema central “Resistências e Lutas por Democracia”, e sua mesa de encerramento não poderia ser diferente. Nada mais coerente do que encerrar o evento, que busca dialogar com as questões atuais de nossa sociedade, junto aos focos de luta por justiça e democracia e às/aos sujeitos que têm protagonizado a resistência contra às arbitrariedades e ataques que têm sido perpetrados de forma cada vez mais intensa aos direitos sociais construídos e conquistados nas últimas décadas. Com a intenção de manifestar o reconhecimento e o apoio à iniciativa de ocupação dos estudantes da UFRRJ à reitoria, que por uma feliz coincidência iniciou durante o evento e se soma aos processos de ocupações que já envolvem mais de 90 Universidades Brasil afora, a mesa de encerramento emblematicamente ocorre no Auditório Gustavo Dutra, o Gustavão, localizado no Pavilhão Um, Pavilhão Central da UFRRJ onde ocorre o movimento de ocupação.

Mesa de Encerramento, momento de celebração

Por Pablo Vergara
Demonstração de facilitação gráfica. Foto: Pablo Vergara.

A mesa de encerramento, muito além de mais um árido momento solene e protocolar inerente a um evento, é uma ocasião para a celebração das construções da Educação em Agroecologia realizadas tanto durante o SNEA como por parte de diferentes grupos, movimentos e redes de educadoras/es, estudantes, profissionais, agricultoras/es, povos e comunidades tradicionais, e todas/os que de alguma forma atuam em sua construção, fortalecimento e difusão. O espaço começou com uma mística que abordava a questão do medo, da opressão corpo-mente e sobre a consciência. Perpassando os agradecimentos por parte da comissão organizadora do evento, salientou-se a importância do Seminário na consolidação da Agroecologia.
Foi um momento dedicado a realização de sínteses e encaminhamentos gerais. Fez-se a leitura da carta política para a apreciação e aprovação das/os presentes. A carta está disponível aqui e no anexo abaixo. Goiás e Pará se ofereceram para sediar o próximo SNEA, opções estas que serão posteriormente avaliadas e discutidas.

Mantendo a abordagem artístico-cultural do evento Willer Araújo teceu algumas considerações, fez algumas provocações ao público e intervenções envolvendo poesia e a interação com a diversidade de pessoas presentes no auditório. Para inspirar as semeadura das/os participantes do seminário no retorno a seus territórios de origem, em sua interação final simbolicamente lançou sementes em direção às/aos participantes.

 

MADRUGADA CAMPONESA
por Thiago de Mello

Madrugada camponesa,
faz escuro ainda no chão,
mas é preciso plantar.
A noite já foi mais noite,
a manhã já vai chegar.

Não vale mais a canção
feita de medo e arremedo
para enganar solidão.
Agora vale a verdade
cantada simples e sempre,
agora vale a alegria
que se constrói dia-a-dia
feita de canto e de pão.

Breve há de ser (sinto no ar)
tempo de trigo maduro.
Vai ser tempo de ceifar.
Já se levantam prodígios,
chuva azul no milharal,
estala em flor o feijão,
um leite novo minando
no meu longe seringal.

Já é quase tempo de amor.
Colho um sol que arde no chão,
lavro a luz dentro da cana,
minha alma no seu pendão.

Madrugada camponesa.
Faz escuro (já nem tanto),
vale a pena trabalhar.
Faz escuro mas eu canto
porque a manhã vai chegar.

(Faz escuro, mas eu canto)

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Foto: Thaynara Martins/Comunicação SNEA.


“Se não posso dançar não é minha revolução.”

O evento, do começo ao fim, foi permeado por diferentes manifestações artístico-culturais, dentre elas místicas, dança, música, poesia, literatura, alimento (sim, alimento constitui cultura! Agri-Cultura!), artes visuais, reafirmando desta forma que a dimensão cultural se constitui em um aspecto essencial da Educação em Agroecologia. Propositalmente a dimensão cultural se evidenciou em muitos espaços do evento, desde os mais óbvios como durante as noites culturais, assim como na Feira Agroecológica e Cultural “Sabores e Saberes”, até compondo espaços de palestra, debates e apresentação de trabalhos acadêmicos. A mensagem é explicita: a cultura, enquanto alma e essência manifesta dos povos, seus saberes e ancestralidade, em toda sua diversidade é elementar na composição da Agroecologia e seu projeto de Educação e Sociedade.

Foto: Pablo Vergara

O II SNEA terminou com uma ciranda que se somou ao coro entoado pela juventude em luta “Ocupar, resistir e construir!”, nos remetendo à frase de Emma Goldman “Se não posso dançar não é minha revolução”, relembrando que os processos de resistência e luta e a construção da Educação em Agroecologia e do Bem Viver são dinâmicos e permanentes, solidários, coletivos, compartilhados, horizontais e lúdicos.

CARTA POLÍTICA DE SEROPÉDICA/RJ – II Seminário Nacional de Educação em Agroecologia (SNEA): carta-politica_iisnea_seropedica_rj_2016

Texto: Tatiana Weckeverth/ Comunicadora ABA

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