No mês de maio foi publicado o Caderno de Agroecologia do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), realizado entre os dias 28 de setembro e 01 de outubro de 2015, em Belém (PA). A publicação traz artigos e relatos de experiências apresentadas durante o evento, contando ao todo 1.206 trabalhos organizados em sessões temáticas. Este 10º volume dos Cadernos, que são elaborados por uma comissão técnico-científica, também contém um editorial, além do caderno do evento e a Carta Agroecológica de Belém.
Segundo Luis Mauro Santos, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e integrante da Comissão Organizadora do Congresso, o evento foi marcante para todos os parceiros regionais e redes agroecológicas amazônicas. Foi possível construir coletivamente um processo participativo de concepção, organização e execução do IX CBA, acrescentou.
“Ao longo do evento, mais de 5 mil pessoas das mais diversas categorias, etnias e organizações ligadas a Agroecologia, deram grandes contribuições e dialogaram no sentido de refletir sobre o estado da arte da perspectiva agroecológica no Brasil e no mundo. Em síntese, a Carta Agroecológica de Belém, gestada durante o evento e divulgada amplamente, reflete perfeitamente o espírito do IX CBA e baliza nossos desafios futuros”, afirmou.
A primeira realização do CBA na Amazônia foi marcante, segundo os realizadores do evento. Apesar das dificuldades devido às condições geográficas da região para a realização de reuniões para organização do Congresso, foi possível reunir muitos protagonistas para construção do Conhecimento Agroecológico, além de promover o intercâmbio e visibilizar muitas experiências locais.
“Surgiram muitas demandas relacionadas aos diversos sujeitos amazônicos (indígenas, ribeirinhos, extrativistas, quilombolas etc.), especialmente através de um espaço inédito criado na apresentação de trabalhos (os Tapiris de Saberes), onde os estudos eram discutidos em rodas de conversas, de forma ‘horizontal’, exercitando-se assim diálogos de conhecimentos acadêmicos e tradicionais. Foi sistematicamente reforçado pelos participantes que a metodologia de apresentação de trabalhos cumpriu o papel de espaço concerto de troca de experiências e diálogos ultra-acadêmicos, dando visibilidade mais aos sujeitos do campo”, observou o professor Luis Mauro.
Graças ao encontro já é possível visualizar frutos concretos em termos de organização dos movimentos agroecológicos na Amazônia. Os Núcleos de Estudos Agroecológicos (NEAs) e demais redes de agroecologia locais saíram renovados e motivados, e já se articulam de forma mais estruturante em torno dos temas ressaltados no evento.
“Temos clareza que a dispersão geográfica continua sendo o limitante, mas a concretização do IX CBA na Amazônia deixou claro que a Amazônia tem competências e capacidade de consolidar suas redes (ainda incipientes) de Construção do conhecimento agroecológico, assim como tem um papel estratégico no debate nacional e internacional”, concluiu o integrante da comissão organizadora do evento.